2024 é o ano mais quente já registrado e supera a marca de 1,5°C de aquecimento
O aumento das temperaturas e a relação com eventos climáticos extremos geram alerta sobre os impactos da mudança climática
247 - O ano de 2024 foi oficialmente o mais quente da história, superando a marca de 1,5°C de aumento na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, informa o g1. O dado, divulgado pelo Centro Copernicus, marca um ponto crítico nas mudanças climáticas, com a temperatura média global atingindo 15,10°C, um aumento de 1,6°C. Esse recorde foi registrado durante 11 meses do ano e é um alerta significativo para a emergência climática, embora ainda não tenha ultrapassado o limite de 1,5°C estipulado pelo Acordo de Paris, que se refere ao aumento da temperatura média ao longo de 20 anos.
"Todos os conjuntos de dados de temperatura global produzidos internacionalmente mostram que 2024 foi o ano mais quente desde que os registros começaram em 1850", afirmou Carlo Buontempo, diretor do Copernicus. O ano anterior, 2023, detinha o recorde de maior temperatura, mas 2024 superou essa marca, o que também representa o início de um período prolongado de aquecimento, com quase dois anos consecutivos de temperaturas recordes.
O relatório do Copernicus também revela uma série de dados alarmantes sobre o aquecimento global. Entre as principais constatações estão:
- Cada um dos últimos 10 anos (entre 2015 e 2024) foi um dos 10 mais quentes já registrados.
- 2024 foi o ano mais quente para todas as regiões continentais.
- O primeiro semestre de 2024 foi o mais quente de todos os tempos.
- A temperatura média anual da superfície do mar atingiu 20,87°C, 0,51°C acima da média de 1991–2020.
- A quantidade de vapor de água na atmosfera também atingiu um valor recorde, contribuindo para a intensificação dos fenômenos climáticos extremos.
Oceanos mais quentes e seus impactos no clima global - O aumento da temperatura nos oceanos tem se mostrado um reflexo direto do aquecimento global. A temperatura média da superfície do mar alcançou um nível recorde, refletindo o excesso de calor absorvido pelos oceanos. Com isso, mais vapor de água é liberado para a atmosfera, o que contribui para a formação de tempestades extremas e chuvas intensas. O Copernicus aponta que a quantidade total de vapor de água na atmosfera foi 5% superior à média entre 1991 e 2020, o que exacerbou a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos em 2024.
A relação entre águas mais quentes e extremos climáticos, como as chuvas torrenciais e os ciclones tropicais, foi claramente observada em várias partes do mundo. A secura em algumas regiões, como no Brasil, agravada pela pior seca de sua história, está diretamente ligada a essa mudança nos padrões climáticos. Em contrapartida, o aumento das temperaturas nos oceanos também impulsionou grandes tempestades e ciclones, como os observados nos Estados Unidos e em várias partes da Europa.
"Este fornecimento abundante de umidade ampliou o potencial para ocorrências de chuvas extremas. Além disso, combinado com as altas temperaturas da superfície do mar, contribuiu para o desenvolvimento de grandes tempestades, incluindo ciclones tropicais", explicou o relatório do Copernicus.
Incêndios e a pior temporada de calor nos oceanos - Outro impacto visível do aquecimento global foi a intensificação dos incêndios florestais. A vegetação ressecada se tornou combustível para grandes queimadas, como as que ocorreram no Brasil e, mais recentemente, em Los Angeles, onde o maior incêndio já registrado se espalhou rapidamente, fora da temporada habitual, durante o inverno. O aumento das temperaturas, combinado com a seca prolongada, cria um cenário propício para esses desastres.
O fenômeno El Niño, que ajudou a intensificar as altas temperaturas no início de 2024, já não está mais presente, mas, segundo os dados do Copernicus, as temperaturas continuaram elevadas nos oceanos, refletindo um padrão de aquecimento global mais duradouro.
Aumentos nas emissões de gases de efeito estufa - O aumento das temperaturas está diretamente ligado ao aumento das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono. De acordo com os dados do Copernicus, as concentrações de CO2 em 2024 foram 2,9 ppm superiores às de 2023, elevando a estimativa da concentração atmosférica para 422 ppm. "Os nossos dados apontam claramente para um aumento global constante das emissões de gases com efeito de estufa, e estes continuam a ser o principal agente das alterações climáticas", alertou Laurence Rouil, diretor do Copernicus.
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