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    "Os incêndios estão sendo causados por ação humana", alerta cientista Luciana Gatti

    Em entrevista ao programa Boa Noite 247, a pesquisadora Luciana Gatti denuncia a gravidade das queimadas no Brasil

    (Foto: Reprodução)

    247 – Durante uma contundente entrevista ao programa Boa Noite 247, a cientista Luciana Gatti, renomada pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), fez um alerta sério sobre a origem dos incêndios florestais no Brasil. Baseando-se em monitoramentos por satélite, ela confirmou que a maioria dos focos de queimadas no país são causados por ação humana. "Os dados são claros. Não é natural. Estamos falando de uma ação deliberada e coordenada que coloca em risco o futuro da nossa biodiversidade e, consequentemente, o próprio clima do planeta", destacou Gatti.

    Segundo Gatti, o uso de satélites possibilita identificar com precisão os locais e horários das queimadas. “Chegamos ao ponto de, em apenas 90 minutos, milhares de incêndios serem registrados em diferentes regiões. Isso não pode ser fruto do acaso. São ações intencionais, e é assustador que as autoridades não estejam tomando as devidas providências”, criticou a cientista.

    Ela ainda comentou sobre as práticas de alguns setores, como o agronegócio, que, segundo ela, enxergam as florestas como "desperdício de terra". "Um empresário do setor me disse uma vez: 'Floresta é desperdício de terra'. Esse é o nível de ignorância que enfrentamos. O que essas pessoas não entendem é que as florestas são fundamentais para o equilíbrio climático. As árvores são fábricas de chuva, são fábricas de água. Sem elas, estamos condenados a secas ainda mais severas", afirmou.

    O "agro suicídio" e as consequências das queimadas

    Durante a entrevista, Gatti chamou a atenção para um conceito desenvolvido por Argemiro Leite Filho, colega de pesquisa, denominado "agro suicídio", em que o próprio agronegócio estaria acelerando sua própria destruição ao promover o desmatamento desenfreado. "Cada hectare desmatado representa uma perda significativa de chuva, o que está levando a uma intensificação das secas. Estamos caminhando para um colapso climático, e quem mais depende da terra, como os produtores rurais, será um dos maiores prejudicados."

    Coordenação criminosa e ausência de investigações

    A cientista também criticou a falta de investigação das queimadas e mencionou o caso específico do estado de São Paulo. "Em um único dia, 23 de agosto, houve 1.886 queimadas no estado. E querem nos fazer acreditar que foi apenas coincidência ou que todas foram causadas por bitucas de cigarro. Isso é uma ação coordenada, e as autoridades precisam agir. Onde estão as investigações sobre essas queimadas? Quem são os responsáveis?", questionou Gatti, pedindo respostas tanto das autoridades estaduais quanto da Polícia Federal.

    Gatti ainda destacou que, em vez de investigar os verdadeiros responsáveis pelos incêndios, alguns representantes do governo têm tentado inverter a narrativa, atacando a reputação de cientistas. "Tem gente tentando construir uma cortina de fumaça sobre o que realmente está acontecendo. Estamos em uma campanha de destruição de reputações, tentando me responsabilizar e outros cientistas por algo que claramente não tem nada a ver conosco", desabafou.

    O impacto no clima e na vida das pessoas

    A pesquisadora também pontuou que as consequências das queimadas não se limitam à perda de biodiversidade, mas também afetam diretamente o clima e a qualidade de vida das populações. "Estamos destruindo o que é essencial para nossa própria sobrevivência. As florestas são fundamentais para o controle climático, e as mudanças estão se acelerando. Já estamos vendo pessoas morrendo de eventos climáticos extremos, e muitas outras morrerão devido à fumaça e às ondas de calor", alertou Gatti.

    Para Luciana Gatti, o cenário é alarmante e requer ações urgentes. "O Brasil está no caminho de se tornar uma fazenda do mundo, mas a que custo? Estamos nos aproximando de um colapso climático que pode custar vidas, agricultura e o futuro das próximas gerações. Precisamos de políticas públicas eficazes e de uma conscientização urgente sobre a importância da preservação ambiental", concluiu a cientista. Assista:


     

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