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Servidores do Inmet entram em greve contra cortes e denunciam desmonte do órgão meteorológico

Com 115 anos de história, o instituto luta por orçamento e estrutura adequados para manter previsões e alertas meteorológicos de segurança nacional

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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247 - Funcionários do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) iniciam, nesta quarta-feira (30), uma greve nacional como resposta a uma série de cortes orçamentários que, segundo representantes, comprometem seriamente a operação do órgão. Ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Inmet é o órgão oficial de meteorologia do Brasil e se aproxima de 115 anos de serviço ininterrupto. Sua atuação é essencial para políticas públicas de segurança e mudanças climáticas, como a Política Nacional de Mudança do Clima, além de fornecer alertas meteorológicos essenciais para a Defesa Civil. A mobilização dos servidores ocorre em diversos estados, incluindo São Paulo e o Distrito Federal.

De acordo com a Folha de S. Paulo, que apurou a situação, a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) enviou um documento ao governo federal alertando que a drástica redução de recursos ameaça serviços críticos, como monitoramento meteorológico e atendimento ao público. O orçamento anual, segundo a entidade, foi reduzido a cerca de 25% do valor necessário para garantir o funcionamento integral do Inmet. Em 2020, o orçamento era de R$ 29,1 milhões, mas despencou para R$ 11,5 milhões no primeiro semestre deste ano.

Na carta enviada ao governo, a Condsef destaca a demanda crescente por previsões e alertas detalhados, especialmente diante de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. “Para os mais diversos setores da sociedade, a demanda é crescente por informações meteorológicas e climatológicas de qualidade”, destaca o documento. Ismael José César, diretor da confederação, descreve o quadro atual do Inmet como "dramático". "Está faltando tudo, desde pessoal a estrutura", relatou ele, que possui uma longa trajetória dentro do instituto.

Em resposta, o governo Lula (PT) afirmou que está investindo em uma reestruturação do Inmet, focando em um planejamento estratégico para ampliar o escopo de atuação e a qualidade dos serviços prestados. O Mapa informou, em nota, que está em fase de conclusão a compra de 98 novas estações meteorológicas por meio de crédito extraordinário, no valor de R$ 25 milhões, além da aquisição e manutenção de outras 220 estações automáticas e de uma nova sala de monitoramento.

Apesar das promessas de investimento, o sindicato denuncia a falta de especialistas. Em dezembro de 2023, o Inmet contava com apenas 27 meteorologistas, insuficientes para atender as demandas nacionais e prever os impactos das mudanças climáticas. “A previsão é que em 2025 sejam contratados 80 novos servidores, mas o número não é suficiente para reverter o quadro crítico”, afirmou César.

Além do déficit de profissionais, a confederação alerta para o fechamento de estações meteorológicas centenárias, reconhecidas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) como importantes observatórios climáticos. A Condsef também critica o abandono de estações manuais, essenciais para coletar dados climáticos em tempo real. Para o sindicato, a modernização digital proposta pelo Mapa ignora a importância das estações convencionais.

O governo, por sua vez, sustenta que os novos investimentos visam garantir a continuidade das atividades do Inmet e atender às demandas meteorológicas do país de forma mais eficiente. Enquanto isso, os servidores do Inmet alertam que a greve, prevista para começar em sete estados e no Distrito Federal, representa uma tentativa de chamar a atenção para o risco de paralisia das atividades meteorológicas no país.

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