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      "História mostra que o bullying econômico não leva a lugar algum", aponta Global Times, em editorial

      Jornal chinês critica duramente nova rodada de tarifas dos EUA e alerta para os riscos de recessão global e colapso da ordem multilateral de comércio

      Guerra comercial entre China e Estados Unidos (Foto: Ilustração Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O jornal Global Times publicou um editorial contundente em resposta à nova política tarifária global anunciada pelos Estados Unidos no dia 2 de abril. O texto adverte que a prática de "bullying econômico" não traz benefícios a nenhum país e, ao contrário, tem um histórico de efeitos desastrosos, tanto para os que impõem as medidas quanto para seus alvos.

      O plano tarifário norte-americano estabelece uma taxa-base de 10% sobre todas as importações e sobretaxas que variam de 10% a 50%, dependendo da origem do produto. A China será taxada em 34%, a União Europeia em 20%, o Japão em 24% e a Índia em 26%. A iniciativa, segundo o editorial, viola diretamente os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), especialmente o da "nação mais favorecida", que impede a discriminação entre parceiros comerciais.

      "Mesmo se olharmos apenas para a história das tarifas dos EUA, não é difícil ver que a atual abordagem de tarifas recíprocas equivale a tropeçar nas mesmas pedras do passado", afirma o jornal. A publicação menciona como exemplo negativo o caos gerado pela Lei Tarifária Smoot-Hawley, de 1930, e a guerra comercial com a China iniciada em 2018, cujos resultados foram danosos para diversos setores da economia norte-americana.

      Impactos imediatos e riscos globais

      Desde o anúncio da medida, os mercados financeiros globais reagiram negativamente. Economistas temem que o aumento generalizado das tarifas gere uma nova onda de protecionismo, encareça a produção, desorganize cadeias de suprimento e leve a uma desaceleração mundial. Um relatório do JP Morgan Research elevou para 40% a probabilidade de uma recessão global em 2025 — número que antes era de 30%.

      Segundo estatísticas da Bloomberg Economics, as economias emergentes serão as mais prejudicadas. Países como Índia, Argentina, além de diversas nações da África e do Sudeste Asiático, devem sofrer forte impacto, sobretudo nos setores industriais e agrícolas.

      O jornal Lianhe Zaobao, de Singapura, também repercutiu a notícia e citou especialistas que avaliam que uma eventual guerra comercial global pode provocar efeitos piores que os da Grande Depressão dos anos 1930.

      Custo para o consumidor americano

      A política tarifária também deve pesar no bolso dos cidadãos norte-americanos. Um estudo do Budget Lab da Universidade de Yale indica que uma tarifa média de 20% pode custar até US$ 4.200 por ano para cada família americana, além de elevar os preços ao consumidor entre 2,1% e 2,6%. Já o Peterson Institute for International Economics estima que os consumidores dos EUA pagam US$ 57 bilhões a mais por ano devido às tarifas em vigor.

      Pesquisas recentes reforçam o descontentamento popular. Segundo levantamento da The Economist/YouGov, apenas 24% dos americanos acreditam que os custos das tarifas são arcados por empresas estrangeiras. Em contrapartida, 54% afirmam que os maiores prejudicados são as companhias e os consumidores dos próprios Estados Unidos.

      A armadilha do unilateralismo

      O editorial do Global Times conclui que a insistência dos EUA em práticas unilaterais e protecionistas ameaça corroer os pilares do comércio internacional. “O bullying econômico não resolve os problemas da América. Apenas eleva os riscos globais. Não haverá vencedores em uma guerra comercial ou tarifária. O protecionismo não leva a lugar algum.”

      O texto enfatiza que a integração global tornou os países interdependentes e que romper com esse modelo por meio de coerção econômica pode isolar os próprios EUA do centro da economia mundial. “Ao brandir tarifas como uma espada contra si mesma, a América prejudica suas próprias empresas. A história provará mais uma vez que a cooperação multilateral é o único caminho para soluções de ganho mútuo”, conclui o jornal.

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