Influenciadores digitais obtiveram R$ 30 milhões em renúncias fiscais com o Perse, programa emergencial criado na pandemia
Quem aparece em primeiro lugar é Felipe Neto, com R$ 14 milhões
247 – A utilização do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) por influenciadores digitais e empresas de diferentes setores, incluindo os que prosperaram durante a pandemia, levantou debates sobre a abrangência e a eficiência do benefício. Dados divulgados pela Folha de S.Paulo mostram que nomes como Felipe Neto e Virgínia Fonseca estão entre os maiores beneficiados, acumulando, respectivamente, R$ 14,3 milhões e R$ 7,2 milhões em renúncias tributárias em 2024.
O Perse foi criado em 2021 para socorrer empresas do setor de eventos, fortemente impactadas pelas restrições sanitárias. No entanto, a flexibilidade na classificação de atividades elegíveis permitiu que influenciadores e negócios digitais, em setores que cresceram durante a pandemia, fossem contemplados. Felipe Neto, por exemplo, utilizou sua empresa, Play9, para acessar o benefício, enquanto Virgínia Fonseca recorreu às empresas Virginia Influencer e Talismã Digital.
Benefícios e controvérsias
A Play9 justificou sua adesão ao programa com base em perdas enfrentadas na área de produção audiovisual e na necessidade de adequações para eventos virtuais durante o isolamento social. Em nota, a empresa afirmou que "tivemos perdas na área de produção audiovisual, com vários trabalhos cancelados, e fomos obrigados a realocar receitas de outras áreas para manter a empresa". Apesar disso, a companhia foi excluída do Perse em maio de 2024, após a redução no número de atividades elegíveis.
A influenciadora Virgínia Fonseca também destacou a legalidade de sua inclusão no programa. "Nossas empresas se enquadram em cinco das 30 categorias hoje estabelecidas pelo governo para receber o benefício", afirmou sua equipe jurídica. Outros nomes de destaque, como Rodrigo Faro, Giovanna Ewbank e Whindersson Nunes, também foram listados entre os beneficiados, mas não responderam aos questionamentos da reportagem.
Para a tributarista Maria Carolina Gontijo, a questão não é a legalidade, mas a amplitude do programa. "Era algo para o setor de eventos, que realmente passou maus bocados na pandemia, mas aí foram incluídos o pessoal de publicidade, marketing, qualquer coisa. Isso levou os negócios digitais para dentro do Perse", afirmou à Folha de S.Paulo. Segundo Gontijo, o crescimento da receita global de influenciadores durante a pandemia evidencia uma possível incoerência na aplicação do benefício.
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