Justiça condena Jovem Pan a indenizar historiador Ian Neves em R$ 40 mil por fala homofóbica e caluniosa

247 - A Justiça de São Paulo condenou a Jovem Pan a pagar uma indenização de R$ 40 mil por danos morais ao historiador marxista-leninista e influenciador digital Ian Neves, que possui mais de 493 mil inscritos no YouTube. A emissora ainda pode recorrer da decisão, proferida pela juíza Thania Cardin, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Segundo documentos obtidos pela coluna F5 da Folha de S.Paulo, o episódio que motivou a ação ocorreu em julho de 2023, durante uma edição do programa Os Pingos nos Is. Na ocasião, o comentarista Tiago Pavinatto acusou Ian Neves de integrar um "grupo miliciano" e de participar de "atividades terroristas". Ele também fez insinuações ofensivas sobre a sexualidade do influenciador.

"[No regime comunista] quem não virasse homem era executado (...) um homossexual falar que é comunista radical é o fim da picada", declarou Pavinatto, acrescentando ainda que Ian "iria para cadeia para aprender a virar homem".

De acordo com a reportagem, na ação movida contra a emissora, os advogados de Neves alegaram que o comentarista “valeu-se de uma característica pessoal que não se aplica a Ian Neves como artifício para tentar macular sua integridade e reputação”. Eles também relataram que, após a exibição do programa, o historiador passou a ser alvo de uma “onda preocupante de ameaças e hostilidades”, incluindo ameaças de morte recebidas por diversas plataformas.

A Jovem Pan, em sua defesa, argumentou que não tem controle direto sobre os comentários feitos por seus colaboradores e que exibe, ao final de seus programas, um aviso de que “a opinião de nossos comentaristas não reflete, necessariamente, a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação”. Para a emissora, caso houvesse algum dano causado pelas falas de Pavinatto, a responsabilidade caberia exclusivamente a ele.

Apesar disso, o comentarista não foi incluído como réu na ação. Pavinatto foi demitido da Jovem Pan em agosto de 2023 após chamar um desembargador de “tarado” e “psicopata”.

Ainda assim, a emissora sustentou que as declarações feitas no programa não ultrapassaram os limites da liberdade de imprensa e da livre manifestação de pensamento, defendendo que Ian Neves não foi difamado.

Na sentença, a juíza Thania Cardin discordou da argumentação e afirmou que a Jovem Pan deve ser responsabilizada pelos conteúdos que divulga. Ela concluiu que o influenciador foi alvo de “ataques pessoais” e foi classificado como “criminoso, miliciano e terrorista, sem quaisquer preocupações com o significado de cada termo”.