Musk foi o epicentro da desinformação no processo eleitoral nos Estados Unidos
X foi a principal plataforma para o disparo de fake news durante as eleições
247 – A rede social X, antiga Twitter, e seu proprietário, o bilionário Elon Musk, tornaram-se o epicentro da desinformação sobre as eleições nos Estados Unidos, conforme apontado em um relatório do Center for Countering Digital Hate (CCDH), citado pela agência de notícias Reuters. Segundo a organização sem fins lucrativos, declarações falsas ou enganosas sobre o processo eleitoral norte-americano feitas por Musk acumularam cerca de 2 bilhões de visualizações apenas em 2024, intensificando a circulação de informações distorcidas em estados críticos para a definição da corrida presidencial.
Especialistas em eleições e desinformação alertaram que o X desempenhou um papel central na disseminação de boatos e alegações falsas em estados decisivos, onde a apuração dos votos pode ser determinante para o resultado. Kathleen Carley, professora de ciência da computação na Universidade Carnegie Mellon, observou que o alcance massivo de Musk – que possui cerca de 203 milhões de seguidores – amplifica os chamados "efeitos de rede", nos quais conteúdo compartilhado no X migra rapidamente para outras plataformas, como Reddit e Telegram. “O X atua como um conduto entre plataformas”, destacou Carley.
A plataforma, que passou por uma série de mudanças desde que Musk a adquiriu, como a redução de políticas de moderação de conteúdo e demissões em massa, tornou-se um terreno fértil para informações não verificadas e campanhas de desinformação. Musk, que demonstrou apoio ao ex-presidente Donald Trump na disputa acirrada contra a candidata democrata Kamala Harris, publicou ao menos 87 mensagens ao longo do ano que foram classificadas por verificadores de fatos como falsas ou enganosas, segundo o CCDH.
No estado da Pensilvânia, um dos sete swing states essenciais para o resultado eleitoral, algumas contas no X se aproveitaram de notificações de autoridades eleitorais locais sobre formulários de registro de voto incompletos, interpretando erroneamente a situação como uma tentativa de interferência eleitoral. “Algumas contas insinuaram que houve fraude eleitoral, quando, na verdade, sabemos claramente que os funcionários eleitorais em todos os condados estavam apenas seguindo as regras para garantir que apenas eleitores elegíveis votem”, esclareceu Philip Hensley-Robin, diretor executivo da organização não-partidária Common Cause na Pensilvânia, durante uma coletiva de imprensa.
Além disso, a empresa Cyabra, que usa inteligência artificial para monitorar desinformação online, relatou que uma conta do X com 117 mil seguidores ajudou a espalhar um vídeo falso que supostamente mostrava cédulas de votação por correio para Trump sendo destruídas. Um porta-voz do X informou que medidas foram tomadas contra diversas contas que compartilharam o vídeo enganoso, mas não detalhou quais providências foram adotadas.
A ferramenta Community Notes do X, que permite que usuários adicionem contexto adicional às postagens, foi defendida pela plataforma como um recurso mais eficaz do que alertas tradicionais para identificar conteúdo enganoso. Contudo, críticos argumentam que a falta de políticas de moderação mais rígidas, especialmente em um ano eleitoral tão conturbado, compromete a confiabilidade da rede e contribui para o aumento da desinformação sobre o sistema democrático dos Estados Unidos.
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