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    2025 será um dos anos mais conturbados da história, diz Pepe Escobar

    Especialista em geopolítica avalia cenários de conflito e o fortalecimento dos BRICS para o próximo ano

    Pepe Escobar | Bandeiras do Brics (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – O jornalista e analista internacional Pepe Escobar acredita que 2025 terá momentos críticos capazes de redefinir não apenas os próximos doze meses, mas também todo o restante da década e até além dela. “O ano que vem vai ser um dos anos mais conturbados e mais difíceis da história”, disse ele, no vídeo “2025: o choque do futuro” no YouTube. 

    As declarações surgem em meio às perspectivas sobre o conflito na Ucrânia, o papel dos BRICS na geopolítica global e a possibilidade de Donald Trump voltar ao poder nos Estados Unidos, redesenhando acordos e interesses globais.

    Escobar, que acompanha de perto a conjuntura internacional destacou em seu Pepe Café que “os dois primeiros meses de 2025 vão ser absolutamente cruciais para definir o ano, os próximos anos, a década e talvez além”. De acordo com o analista, esse é o período em que eventos-chave podem desencadear novas negociações ou agravar tensões latentes, especialmente entre EUA, Rússia e China.

    O fortalecimento dos BRICS

    Para Pepe Escobar, 2024 foi “o ano dos BRICS”, numa referência à presidência russa e ao intenso trabalho de articulação que aproximou países emergentes e reforçou a importância do bloco no tabuleiro global. “Esse ano como vocês sabem, um pequeno recap desse ano que é fundamental. Esse foi o ano dos BRICS”, pontuou, ressaltando que houve mais de 200 encontros com grupos de trabalho e diversas iniciativas conduzidas por Serguei Ryabkov, vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia.A próxima presidência do BRICS estará com o Brasil em 2025, e Escobar enfatiza que a expectativa é manter e ampliar o vigor organizacional demonstrado em 2024. “A bola estará no Brasil, nós vamos acompanhar cuidadosamente como eles vão manter o nível de empenho e de organização dos russos em 2024”, diz o analista, apontando que o fortalecimento do bloco é um elemento-chave para que o Sul Global aumente sua presença e voz nas decisões mundiais.

    “Trump 2.0” e a Guerra na Ucrânia

    Outra variável que Escobar destaca como determinante para 2025 é o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca. Segundo ele, “o que vai mudar evidentemente é quem teoricamente vai estar comandando o show nos Estados Unidos”. A reorientação da política externa americana, em especial no que diz respeito ao conflito na Ucrânia, poderia acelerar uma solução negociada ou prolongar as tensões, dependendo de como Trump e o Conselho de Segurança Russo — liderado por Vladimir Putin — conduzirem eventuais conversas.“A Rússia sabe muito bem com quem está lidando e já tem uma estratégia de negociação bem alinhavada para o caso de um ‘Trump 2.0’”, analisa Escobar, pontuando que Moscou busca caminhos para encerrar o conflito, mas não aceitará uma humilhação total dos EUA. A eventual reaproximação entre russos e americanos, contudo, precisaria de um canal de diálogo sigiloso, capaz de evitar vazamentos e a consequente reação em bloco de outros atores, como a OTAN e países europeus alinhados a Washington.

    Conectividade eurasiática e as novas rotas globais

    O especialista lembra que, ao mesmo tempo, a Rússia e a China fortalecem projetos de integração na Eurásia, como o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, envolvendo Moscou, Teerã e Nova Délhi. A perspectiva é de que esses corredores logísticos e energéticos continuem a se expandir, “com a China não querendo que a guerra na Ucrânia se prolongue além de 2025”, como reforça Escobar.

    Ele também aponta para a importância estratégica do Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do petróleo global, e para a influência crescente da Turquia na Ásia Central. Por outro lado, há menções à fragmentação da Síria e à postura de Israel apoiada pelos Estados Unidos — fatores que compõem um cenário volátil no Oriente Médio, na avaliação de Escobar, podendo prolongar o que ele chama de “guerra eterna no oeste da Ásia”.

    Tensão permanente e o papel de Washington

    A demência guerreira da OTAN” é outro ponto elencado por Pepe Escobar, para quem o bloco ocidental, dominado pelos Estados Unidos, tende a manter uma postura ofensiva em diversas latitudes, mesmo com mudanças na Casa Branca. Para ele, o movimento global do “combate eterno” contra inimigos variáveis faz parte do DNA estratégico de Washington, algo que qualquer governo norte-americano ainda terá dificuldade de alterar por completo.Entretanto, Escobar acredita que “Trump não fará guerra contra o Irã para satisfazer os interesses israelenses”, a menos que o Irã ameace diretamente os EUA. Para o analista, a Síria se tornou um exemplo da política americana de “anarquia total”, deixando o país em ruínas sob a ocupação de diversos grupos, enquanto o petróleo sírio segue sendo explorado pelos EUA. “É sempre a mesma estratégia de dividir para reinar”, conclui.

    Expectativas e despedida

    Ao final da entrevista, Pepe Escobar revela que se retirará por alguns dias para a Itália, “uma espécie de pausa” em sua rotina, onde costuma traçar planos e iniciar projetos para o ano seguinte. “Apertem os cintos porque o ano que vem vai ser um dos anos mais conturbados e mais difíceis da história desse jovem e turbulento século XXI”, alerta, convidando seus seguidores a acompanhá-lo em suas próximas análises sobre os rumos de 2025.

    Esse é o cenário que vamos começar a viver em 2025 já a partir de janeiro. Os dois primeiros meses vão ser fundamentais para o destino do ano e o destino do resto da década.”

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