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      Após bate-boca com Trump em Washington, Zelensky se reúne com representantes dos EUA na Arábia Saudita

      Chefe de Estado ucraniano espera obter garantias de segurança dos Estados Unidos antes de um possível cessar-fogo com a Rússia.

      O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fala à mídia na frente de um avião de combate F-16 (Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko)
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      RFI - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deve chegar à Arábia Saudita nesta segunda-feira (10), para participar de uma reunião nesta terça-feira (11) entre uma delegação de Kiev e dos EUA. O objetivo é discutir futuras negociações de paz para pôr um fim à invasão russa ao país, que completou três anos em fevereiro. 

      O encontro, que acontece em Jeddah, é cercado de expectativa, já que a primeira reunião entre as autoridades americanas e ucranianas, na semana passada, terminou em um bate-boca entre Zelensky, Trump e o vice-presidente americano, J.D. Vance.

      Na ocasião, o presidente ucraniano deveria assinar um acordo sobre a exploração dos minerais de seu país pelos Estados Unidos.

      Desde então, Washington suspendeu a ajuda militar e o compartilhamento de inteligência. Zelensky enviou uma carta para Trump pedindo a retomada do diálogo, mas a situação diplomática permanece frágil.

      A delegação dos EUA será liderada pelo secretário de Estado Marco Rubio e a ucraniana por Volodymyr Zelensky, que deve se encontrar com o príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman nesta segunda-feira, mas não participará diretamente das negociações.

      A delegação do presidente ucraniano é formada pelo conselheiro presidencial Andriy Yermak, o chefe da diplomacia, o ministro da Defesa e o vice-diretor do gabinete presidencial, além de vários oficiais seniores do exército. 

      A viagem do presidente ucraniano à Arábia Saudita estava originalmente programada para ocorrer em fevereiro, mas foi adiada após ele denunciar a organização de negociações russo-americanas.

      O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, embarcou no avião militar que o levará à Arábia Saudita para conversas com a Ucrânia no domingo (9). Rubio deve chegar a Jeddah na segunda-feira e também deve se encontrar com Mohammed bin Salman durante sua visita, de acordo com o Departamento de Estado.

      A Arábia Saudita, um aliado histórico dos Estados Unidos, está consolidando sua influência internacional ao mediar reuniões entre nações em conflito. O país rico em petróleo também esteve envolvido em negociações sobre a troca de prisioneiros históricos entre a Rússia e o Ocidente em agosto de 2024.

      Riade foi condenada ao ostracismo do cenário internacional após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi na Turquia em 2018, que provocou indignação. Mas, de acordo com o enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, o governo Trump tem "relações muito boas com os sauditas".

      Bases de um acordo de paz - As discussões de terça-feira devem servir para “estabelecer as bases de um acordo de paz e um cessar-fogo inicial" entre a Rússia e a Ucrânia, disse Steve Witkoff, que estará presente. 

      "Esperamos discutir e concordar com as decisões e medidas necessárias", disse Zelensky, sem especificar o assunto. A posição de Kiev continua a ser a mesma da União Europeia: um tratado de paz deve ser justo e duradouro. 

      O chefe de Estado ucraniano espera obter garantias de segurança dos Estados Unidos antes de um possível cessar-fogo com a Rússia.

      Apesar de ter sido humilhado em público no episódio da reunião na Casa Branca com Donald Trump e o vice-presidente J. D. Vance, o presidente ucraniano tem trabalhado para apaziguar as tensões com Washington. 

      Ele chegou a se desculpar por não ter aparecido "de terno" em uma cerimônia em Kiev no domingo (9), em alusão à crítica que recebeu do vice-presidente americano, que o acusou de “desrespeito” ao participar de uma reunião na Casa Branca vestido de uniforme militar.

       Kiev é a favor de um "diálogo construtivo", mas quer que seus interesses sejam "levados em consideração", insistiu o presidente ucraniano, dizendo estar convencido de que a reunião será "produtiva". Zelensky disse na noite de domingo que esperava "resultados para se aproximar da paz e manter o apoio".

      Donald Trump multiplicou suas críticas a Volodymyr Zelensky, acusado de ser um "ditador", de não ser grato o suficiente e de não estar pronto para a "paz".

      No front, os combates continuam. No fim de semana, a Rússia reivindicou avanços significativos na região de Kursk e até mesmo um impulso na região de Sumy, na Ucrânia, pela primeira vez desde 2022.

      Reconciliação - As relações entre Washington e Kiev mudaram drasticamente no decorrer de algumas semanas, com o retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro.

      Desde então, o tom mudou. Volodymyr Zelensky chamou o incidente de "lamentável" e Donald Trump disse que seu colega ucraniano estava pronto para negociar, até mesmo ameaçando Moscou com novas sanções.

      "Vamos fazer progressos. Já nesta semana, eu acho", disse Donald Trump a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One na noite de domingo. Mas as divergências permanecem.

      O acordo de mineração, que Donald Trump pretende obter para reembolsar a ajuda dos EUA a Kiev, ainda não foi concluído. Questionado sobre a possibilidade de ser assinado na Arábia Saudita, Witkoff disse que Zelensky "se ofereceu para assiná-lo, e veremos se ele o fará".

      Outro ponto de divergência é a recente reaproximação entre Washington e Moscou, rompendo com a política ocidental de isolamento do presidente russo, Vladimir Putin.

      O presidente ucraniano se manifestou a favor de uma trégua no ar e nos mares e se pronunciou a favor de uma troca de prisioneiros com a Rússia, pedindo a Moscou que “demonstre comprometimento com o fim do conflito”.

      O Kremlin rejeitou a ideia de uma trégua temporária. A solução também foi apoiada por Londres e Paris, alegando que era uma tentativa de Kiev de ganhar tempo e evitar um colapso militar.

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