"Brasil e China sabem jogar com a multipolaridade", diz Celso Amorim

247 – Durante o evento "Brasil-China: 50 anos de amizade", promovido pelo Brasil 247, pela TV 247 e pela Vallya, Celso Amorim abordou a evolução das relações entre Brasil e China e destacou a habilidade de ambos os países em lidar com a multipolaridade global. Amorim relembrou a decisão do Brasil em 1974, sob o governo Geisel, de reconhecer a República Popular da China, marcando um ponto de virada para o Brasil agir com maior independência internacional. "O Brasil era maior do que a própria ideologia que o controlava", afirmou Amorim sobre esse período. Ele também destacou o papel fundamental do acordo sobre satélites, que considera "provavelmente o maior acordo de cooperação Sul-Sul em uma área de tecnologia avançada."

Falando sobre a contemporaneidade da relação bilateral, Amorim mencionou iniciativas internacionais recentes, como a cooperação para a paz na Ucrânia, demonstrando como a parceria Brasil-China continua a render frutos significativos além dos aspectos econômicos. "É muito importante que nós saibamos jogar com a multipolaridade", afirmou Amorim, sublinhando a relevância geopolítica dessa aliança.

O diplomata expressou sua visão para o futuro da relação, destacando a cooperação em áreas como inteligência artificial e transição energética. "Queremos cooperar e não queremos apenas vender e comprar", ressaltou, indicando a evolução da parceria para um nível ainda mais estratégico. 

Entenda o que é o mundo multipolar

Um mundo multipolar é uma estrutura global em que o poder está distribuído entre vários estados ou entidades, ao invés de ser dominado por um único país ou um pequeno grupo de nações. Esta configuração contrasta com um sistema unipolar, onde uma única superpotência dita as regras internacionais, ou bipolar, típico da Guerra Fria, onde duas nações dominantes estavam em constante competição.

No contexto atual, o conceito de multipolaridade reflete uma realidade onde múltiplos países têm influência significativa em assuntos internacionais, econômicos, militares e culturais. Estes pólos de poder podem incluir, por exemplo, os Estados Unidos, China, União Europeia, Rússia, e outras nações emergentes como Índia e Brasil que estão aumentando sua influência global.

A transição para um mundo multipolar pode levar a uma maior cooperação ou, por vezes, a conflitos e tensões, conforme diferentes potências buscam expandir sua influência e defender seus interesses. No entanto, também oferece oportunidades para uma governança global mais equilibrada e justa, com maior peso dado a uma diversidade de perspectivas e necessidades. "Não queremos viver num mundo controlado por uma única grande potência", disse o embaixador. Assista a fala de Celso Amorim: