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    Brasil e Japão estreitam laços com visita de Lula a Tóquio

    Última visita de primeira categoria no Japão foi de Trump. 'Seis anos depois, escolhemos Lula, refletindo a importância do Brasil', diz embaixador japonês

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o premiê do Japão, Shigeru Ishiba (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - A viagem do presidente Lula (PT) ao Japão, agendada para os dias 24 a 27 de março, é tratada por Tóquio como um evento de alta relevância diplomática. A visita de Estado ocorre em um contexto especial, já que esse tipo de encontro é limitado a apenas um por ano e não era realizado desde 2019. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o embaixador japonês no Brasil, Teiji Hayashi, destacou a importância da viagem como um impulso para as relações entre os dois países, que celebram 130 anos de laços diplomáticos em novembro deste ano.

    De acordo com Hayashi, a comitiva brasileira deverá incluir cerca de 50 empresas, refletindo a expectativa de avanços em relações comerciais e investimentos. O presidente Lula será recebido pelo imperador Naruhito e pelo primeiro-ministro Shigeru Ishiba, reforçando a relevância da visita para o governo japonês.

    "A última visita da primeira categoria no Japão foi a do presidente Donald Trump, durante sua primeira administração. Seis anos depois, para retomar essas visitas de primeira categoria, escolhemos o presidente brasileiro. Isso representa a importância que outorgamos ao Brasil", afirmou o embaixador.

    Entre os temas centrais da agenda, Hayashi citou três pilares principais: segurança e paz internacionais, cooperação econômica e comercial, e sustentabilidade climática. Brasil e Japão compartilham o interesse na reforma da governança global e são candidatos recorrentes a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O diplomata também destacou o potencial do intercâmbio na área de Defesa.

    Esta será a segunda visita de Lula ao Japão em seu atual mandato. Em maio de 2023, o presidente esteve em Hiroshima para a cúpula do G7, onde se encontrou com lideranças globais e o então primeiro-ministro Fumio Kishida. No início de 2024, Kishida retribuiu a visita com uma passagem pelo Brasil, reforçando os laços bilaterais. Durante esse encontro, Lula chegou a sugerir que o vice-presidente Geraldo Alckmin levasse o premiê japonês a uma churrascaria paulista, brincadeira que evidencia os esforços brasileiros para ampliar a exportação de carne bovina ao mercado nipônico.

    A abertura do mercado japonês para a carne brasileira é uma reivindicação antiga e tem sido debatida constantemente entre os dois governos. Em fevereiro deste ano, Roberto Perosa, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), esteve no Japão e no Vietnã discutindo possibilidades comerciais. Lula também visitará Hanói após sua passagem por Tóquio, com expectativas de avanço nas negociações para o setor agropecuário brasileiro.

    Outro fator que influencia as relações Brasil-Japão é o atual panorama global de incertezas econômicas e comerciais, impulsionado por mudanças na política tarifária dos Estados Unidos. O retorno de Donald Trump ao poder gera preocupação em Tóquio, especialmente pelos impactos das tarifas comerciais sobre empresas japonesas em países como México e Canadá. Apesar dessas incertezas, Hayashi enxerga oportunidades para que Brasil e Japão aprofundem sua parceria.

    "O mais importante é que Japão e Brasil compartilham valores comuns, como democracia, Estado de Direito, mas também livre comércio e mercados abertos. Estamos trabalhando juntos na OMC para reativar essa organização, por exemplo. Brasil e Japão podem trabalhar para abrir mais o livre comércio internacional, apesar dessa situação difícil no sentido geopolítico", declarou o embaixador.

    A cooperação climática também é uma das áreas de interesse bilateral. O Japão vem investindo em tecnologias sustentáveis no Brasil, incluindo projetos de montadoras japonesas para a produção de veículos híbridos movidos a etanol e eletricidade. Além disso, o país asiático realizou uma doação de R$ 13 milhões para o Fundo Amazônia, um gesto que reflete o comprometimento japonês com a preservação ambiental.

    Embora não haja previsão de novos aportes para o fundo no momento, Hayashi destacou que o Japão segue interessado em colaborar com iniciativas de proteção da Amazônia. A visita de Lula a Tóquio, portanto, representa uma oportunidade de fortalecer ainda mais as relações entre os dois países, abrindo caminho para novos acordos em áreas estratégicas.

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