"Causa palestina se tornou símbolo global de resistência e justiça", diz Pepe Escobar, de Istambul
Analista geopolítico relata as discussões da conferência realizada em 7 de outubro
247 – Em uma conferência realizada em Istambul, no dia 7 de outubro, exatamente um ano após o início do que ficou conhecido como “Tufão de Al-Aqsa”, acadêmicos e especialistas de várias partes do mundo se reuniram para debater o impacto contínuo da ocupação israelense na Palestina e a crescente resistência da população local. O evento destacou a Palestina como catalisadora de uma renovação global para a Ummah, a comunidade muçulmana de mais de 1,8 bilhão de pessoas. A análise, transmitida pelo canal do analista Pepe Escobar no YouTube, aprofundou-se no papel central da Palestina na geopolítica global e nas estratégias emergentes de resistência desde o trágico 7 de outubro de 2023.
Escobar, que participou diretamente da conferência, compartilhou sua experiência na cidade, que ele descreveu como um símbolo de resistência. “Estamos literalmente no coração do Islã global, e a importância da Palestina é cada vez mais evidente”, afirmou. A conferência é uma extensão do Fórum de Kuala Lumpur, na Malásia, e contou com acadêmicos de diversas regiões, incluindo a África, o Ocidente Asiático e os Estados Unidos. Muitos desses participantes enfrentam vigilância e restrições governamentais, especialmente em território americano.
A resistência palestina e o cenário global
O debate principal girou em torno do papel da Palestina no contexto das alianças internacionais, especialmente entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A cúpula do BRICS, que acontecerá em Kazan nas próximas semanas, terá uma sessão especial dedicada à Palestina, com a presença confirmada do presidente palestino Mahmoud Abbas. “Não se trata apenas de um conflito local, mas de uma questão global”, frisou Escobar, destacando que 88% da população mundial apoia a causa palestina, mesmo que simbolicamente.
Outro ponto de destaque foi a análise das respostas israelenses e americanas às ações do Irã na região. Escobar ressaltou o discurso do Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, durante as preces de sexta-feira em Teerã, evento que contou com milhões de pessoas. “Os iranianos não têm medo. Eles têm 2.500 anos de civilização e não se intimidam com absolutamente nada”, relatou Escobar, ao sublinhar o papel do Irã na resistência contra Israel, especialmente por meio de grupos como o Hezbollah no Líbano.
A crise econômica na Turquia
Além das discussões geopolíticas, Escobar também destacou as dificuldades econômicas que a Turquia enfrenta. No coração do Grande Bazar de Istambul, ele descreveu o impacto da inflação desenfreada e a desvalorização da lira turca. “Quando cheguei aqui, dois anos atrás, o dólar estava a 12 liras turcas. Hoje, está a 30 liras por dólar”, afirmou, ressaltando o impacto devastador sobre a classe média e a classe operária do país. Os comerciantes, antes vendedores de tapetes de luxo, agora se veem obrigados a vender itens mais acessíveis, como lenços de caxemira, para manter seus negócios abertos.
A complexa relação da Turquia com os BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) também foi discutida. O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, tem equilibrado suas relações com o Ocidente enquanto, ao mesmo tempo, busca estreitar laços com as potências da Eurásia. A adesão da Turquia a essas organizações multilaterais foi debatida como uma possibilidade cada vez mais concreta.
Um ano de resistência e sacrifício
A conferência em Istambul deixou claro que o 7 de outubro de 2023 marcou não apenas uma tragédia, mas também o início de uma nova fase de resistência e organização geopolítica em torno da Palestina. “O mundo inteiro, especialmente o Sul Global, está do lado da Palestina”, declarou Escobar. O evento serviu como um lembrete de que, apesar da violência e do sofrimento contínuos, há uma crescente mobilização internacional em apoio à causa palestina.
Os especialistas presentes alertaram para o aumento das tensões e para o sofrimento que está por vir, mas também reforçaram a importância da resiliência palestina. “A luta é longa, o preço é alto, mas a causa palestina se tornou um símbolo global de resistência e justiça”, concluiu Escobar, encerrando sua fala com uma mensagem de esperança e solidariedade. Assista:
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