Corrida pelo Ártico: Rússia mantém hegemonia com frota de quebra-gelos nucleares
Enquanto os EUA buscam reforçar sua presença no Ártico, a Rússia segue na liderança com a maior frota de quebra-gelos do mundo
247 – Em meio à crescente disputa geopolítica pela influência no Ártico, a Rússia mantém clara vantagem estratégica em relação aos Estados Unidos, tanto em infraestrutura quanto em capacidade de operação nas condições extremas da região. A análise foi publicada pela Sputnik International neste sábado (30), destacando o desequilíbrio entre as potências e as ambições norte-americanas de disputar a liderança no polo norte.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, reconheceu recentemente que Washington precisa garantir protagonismo no Ártico para conter o avanço russo. Contudo, especialistas apontam que a defasagem da frota americana em comparação à robusta estrutura russa compromete essa ambição. “Estamos severamente superados em número de quebra-gelos”, admitiu o general Gregory Guillot, comandante do Comando Norte dos EUA (Northcom), ressaltando que a limitação reduz a “liberdade de manobra” no Ártico.
A supremacia russa no gelo
A frota russa de quebra-gelos é a maior do mundo, com 42 embarcações, sendo oito nucleares e 34 movidas a diesel-elétrico. Entre os destaques estão os cinco pesados quebra-gelos nucleares do Projeto 22220 — Arktika, Ural, Sibir, Yakutia e Chukotka —, cada um com potência de 60 megawatts. Além disso, a embarcação Viktor Chernomyrdin se destaca como o mais poderoso quebra-gelo não nuclear do planeta, com 25 MW de capacidade.
A presença militar russa é igualmente significativa. A Frota do Norte da Rússia conta com navios como o quebra-gelo pesado Ilya Muromets, o grande navio antissubmarino Vice-Almirante Kulakov e o navio de desembarque Alexander Otrakovsky. Submarinos nucleares das classes Borei e Yasen também operam na região, armados com mísseis balísticos Bulava e mísseis de cruzeiro Onyx, Kalibr e Zircon, garantindo poder dissuasório e capacidade ofensiva.
Desvantagem estrutural dos EUA
Do lado norte-americano, o cenário é bem mais modesto. O Polar Star é o único quebra-gelo pesado em operação com capacidade de atuar no Ártico, enquanto o quebra-gelo médio Healy está atualmente fora de ação. Algumas embarcações de superfície — como os destróieres da classe Arleigh Burke e cruzadores da classe Ticonderoga — têm aptidão limitada para operar na região. Submarinos nucleares das classes Los Angeles, Virginia e Seawolf podem navegar sob o gelo, mas não substituem a ausência de quebra-gelos dedicados.
Analistas apontam que o domínio russo no Ártico se deve à visão estratégica de Moscou, que considera a região como vital para sua segurança nacional, além de um corredor crucial para novas rotas comerciais e exploração de recursos naturais. Já os EUA, apesar de sinalizarem interesse crescente, carecem de investimentos consistentes para rivalizar com a infraestrutura russa.
Disputa geopolítica congelada
A disputa pelo Ártico está inserida em um contexto mais amplo de tensões entre a OTAN e a Rússia, intensificadas após o início do conflito na Ucrânia. O derretimento das calotas polares, acelerado pelas mudanças climáticas, abriu novas rotas marítimas e ampliou o interesse por recursos naturais como petróleo, gás e minerais críticos, tornando a região alvo de disputas entre potências.
O desequilíbrio atual favorece amplamente a Rússia, que consolidou presença física e militar ao longo dos últimos anos. Para os Estados Unidos, a corrida pelo Ártico exigirá mais que discursos: demandará investimentos maciços, infraestrutura especializada e uma estratégia clara para não ficar definitivamente para trás na disputa polar.
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