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    Ditadura Trump intensifica repressão e prende estudante turca pró-Palestina nos EUA

    Rumeysa Ozturk, bolsista Fulbright, teve seu visto revogado e foi detida por agentes federais após criticar o genocídio promovido por Israel na Palestina

    Estadunidenses protestam contra repressão a estudantes (Foto: Reuters)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – A repressão do governo Trump a estudantes internacionais envolvidos em manifestações pró-Palestina ganhou um novo capítulo nesta semana, com a detenção da doutoranda turca Rumeysa Ozturk, de 30 anos, estudante da Tufts University, nos arredores de Boston. A informação foi publicada pela agência Reuters, que destacou o caráter inédito da prisão de uma estudante estrangeira engajada nesse tipo de ativismo na região.

    Segundo a reportagem assinada pelos jornalistas Nate Raymond e Susan Heavey, Ozturk foi abordada por agentes federais à paisana na noite de terça-feira (25), perto de sua casa em Somerville, Massachusetts, enquanto se dirigia para um encontro com amigos para quebrar o jejum do Ramadã. A estudante está legalmente nos Estados Unidos com um visto F-1 e integra o programa de doutorado em Estudos da Criança e Desenvolvimento Humano da universidade.

    A advogada de Ozturk, Mahsa Khanbabai, afirma que a detenção é ilegal e está relacionada ao exercício da liberdade de expressão da estudante. “Com base nos padrões que estamos vendo em todo o país, o exercício dos direitos de liberdade de expressão parece ter desempenhado um papel em sua detenção”, declarou. Khanbabai também classificou como “infundadas” as acusações e disse que as pessoas deveriam se sentir “horrorizadas com o modo como o Departamento de Segurança Interna (DHS) levou Rumeysa em plena luz do dia”.

    O caso de Ozturk chamou ainda mais atenção porque ela havia coassinado, há um ano, um artigo no jornal estudantil Tufts Daily criticando a resposta da universidade aos apelos por desinvestimentos de empresas com ligações com Israel, além de cobrar da instituição o reconhecimento do que chamou de “genocídio palestino”.

    Em publicação na rede X (antigo Twitter), a porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, afirmou que Ozturk teria “engajado-se em atividades de apoio ao Hamas, organização terrorista estrangeira que celebra a morte de americanos”. No entanto, o DHS não especificou quais seriam essas atividades. “Um visto é um privilégio, não um direito”, afirmou McLaughlin.

    Após a prisão, a defesa de Ozturk ingressou com uma ação na Justiça, o que levou a juíza federal Indira Talwani a determinar que a estudante não fosse transferida de Massachusetts sem aviso prévio de 48 horas. Ainda assim, segundo Khanbabai, Ozturk já estava no estado da Louisiana na noite de quarta-feira, contrariando a ordem judicial.

    A prisão de Ozturk causou forte reação de ativistas e defensores das liberdades civis. Uma manifestação foi organizada em Somerville, com centenas de pessoas reunidas em Powder House Square Park. Cartazes com dizeres como “Resistir”, “Defender as vozes estudantis” e “Libertem Rumeysa Ozturk agora!” foram erguidos. A senadora democrata Elizabeth Warren classificou a prisão como “mais um episódio alarmante de repressão às liberdades civis”.

    A embaixada da Turquia em Washington afirmou estar acompanhando o caso e fornecendo o suporte legal necessário à estudante. “Todos os esforços estão sendo feitos para proteger os direitos da nossa cidadã”, disse o órgão em nota.

    Esse não é um caso isolado. O governo Trump, com apoio direto do secretário de Estado Marco Rubio, tem adotado uma política agressiva contra estudantes e profissionais estrangeiros simpatizantes da causa palestina. Recentemente, Mahmoud Khalil, ex-aluno da Universidade Columbia e residente permanente legal, também foi preso sob acusações semelhantes — que ele nega. A administração ainda tentou deportar uma estudante da mesma universidade, nascida na Coreia do Sul, e impediu o retorno aos EUA de uma professora libanesa da Universidade Brown, alegando que ela possuía imagens “simpáticas ao Hezbollah” em seu telefone.

    A presidência da Tufts University, em nota assinada por Sunil Kumar, declarou que a instituição não foi informada previamente da detenção. “Reconhecemos que essa ação pode causar angústia, especialmente entre nossos estudantes internacionais”, afirmou.

    A escalada autoritária do governo Trump contra estudantes estrangeiros críticos à política externa dos EUA e às ações de Israel levanta preocupações crescentes sobre a repressão à liberdade de expressão e ao direito à manifestação política — direitos garantidos pela Constituição norte-americana, mas, ao que tudo indica, cada vez mais frágeis sob a atual administração.

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