Escolha de Rubio por Trump indica política mais agressiva em relação à China
Nomeação do senador reforça expectativa de endurecimento nas relações com Pequim e apoio robusto a Taiwan
Reuters – A escolha de Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado no novo governo de Donald Trump sinaliza uma abordagem mais agressiva em relação à China, ultrapassando o foco em tarifas e comércio para uma postura mais rígida contra o principal rival estratégico dos Estados Unidos. A nomeação, reportada pela Reuters, destaca a intenção de Trump de remodelar a política externa americana com um alinhamento de figuras conhecidas por suas posições duras em questões de segurança nacional e direitos humanos.
Rubio, um ferrenho crítico do regime chinês e com longa trajetória no Senado, onde atua nos comitês de Relações Exteriores e Inteligência, deverá ter sua confirmação aprovada facilmente. A escolha, juntamente com outras nomeações como a de Mike Waltz para conselheiro de segurança nacional e John Ratcliffe para diretor da CIA, aponta para uma reconfiguração da política externa americana, distanciando-se do enfoque de "gestão de competição" adotado pela administração Biden.
David Firestein, ex-diplomata americano especializado em China, comentou sobre a nomeação: “Rubio acredita genuinamente que a China é um inimigo dos Estados Unidos. Isso vai influenciar todas as suas ações em relação a Pequim, elevando o tom das relações bilaterais”. Com essa mentalidade de competição de soma zero, Rubio deve impulsionar uma política mais assertiva e menos disposta a concessões diplomáticas.
Histórico de confronto com Pequim
O histórico de Rubio é marcado por ações legislativas que irritaram as autoridades chinesas, como a coautoria da Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur, que dá ao governo americano instrumentos para barrar importações da China sob alegações de abusos de direitos humanos contra minorias muçulmanas. Em 2020, sua defesa dos manifestantes pró-democracia em Hong Kong resultou em sanções impostas por Pequim, destacando a animosidade que permeia sua relação com o país asiático.
A nomeação de Rubio levanta também a possibilidade de maiores restrições a viagens de autoridades chinesas aos Estados Unidos. Em 2023, ele pressionou o Departamento de Estado a impedir a presença do executivo-chefe de Hong Kong, John Lee, na cúpula da APEC em San Francisco, um reflexo de sua firme posição em relação à perda de autonomia da região.
Exportações e apoio a Taiwan
A visão de Rubio sobre a segurança nacional americana inclui a classificação de empresas chinesas, como a gigante de baterias CATL, em listas de sanções e a imposição de controle mais rígido sobre exportações de tecnologia dos EUA para a China. Ele também advoga pelo fim de brechas tarifárias que permitem a entrada de pequenos pacotes da China, frequentemente usados para transportar precursores químicos de fentanil, uma preocupação crescente para os legisladores americanos.
O apoio incondicional de Rubio a Taiwan é outro ponto que deve ampliar as tensões com Pequim. Durante o primeiro mandato de Trump, foram aprovadas vendas de armas para Taiwan que totalizaram mais de US$ 18 bilhões, um valor significativamente superior aos US$ 7,7 bilhões durante a gestão Biden. Com Rubio à frente do Departamento de Estado, analistas preveem uma aceleração no apoio militar e diplomático à ilha, alinhada aos esforços para fomentar uma parceria de livre comércio entre os dois países.
Possíveis implicações e resposta de Pequim
Embora a embaixada da China em Washington tenha preferido não comentar diretamente a nomeação de Rubio, o porta-voz Liu Pengyu afirmou que Pequim busca promover relações bilaterais de maneira "estável, saudável e sustentável". No entanto, especialistas alertam que a nomeação pode complicar os esforços de diálogo. Steve Tsang, diretor do Instituto da China na SOAS, em Londres, comentou que, se a abordagem de engajamento direto com Trump ou outros altos funcionários americanos falhar, o resultado poderá ser uma escalada nas já tensas relações entre os dois países.
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