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      EUA e Irã avançam no diálogo nuclear e agendam nova rodada de negociações em Roma

      Após encontro indireto considerado construtivo em Omã, Washington e Teerã se reúnem novamente no sábado para discutir o futuro do programa nuclear iraniano

      Abbas Araghchi, e Steve Witkoff (Foto: Reuters)
      José Reinaldo avatar
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      247 - Os Estados Unidos e o Irã darão sequência ao diálogo sobre o programa nuclear iraniano no próximo sábado, 19 de abril, com uma nova rodada de negociações em Roma. A informação foi divulgada pelo site de notícias Axios, que citou fontes ligadas às tratativas. A mudança de local — de Mascate, capital de Omã, para a capital italiana — foi sugerida por Washington, conforme revelado pela publicação.

      O primeiro encontro, realizado no último sábado (12) em Mascate, Omã, ocorreu em formato indireto, com intermediação do governo omanense. De um lado, o enviado iraniano Abbas Araghchi; do outro, Steve Witkoff, representante especial dos EUA. Apesar das tensões históricas entre os dois países, ambas as partes classificaram as conversas como produtivas.

      Segundo Witkoff, as negociações com o Irã foram “positivas e construtivas”. O diplomata norte-americano evitou detalhar os pontos tratados, mas afirmou que “há disposição mútua para explorar caminhos que levem à estabilidade regional e ao respeito aos compromissos internacionais”.

      Já Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, também elogiou o clima do encontro. “A atmosfera foi construtiva e calma”, declarou. O diplomata persa agradeceu ao ministro das Relações Exteriores de Omã pelos esforços diplomáticos que viabilizaram o canal de diálogo. “As trocas de opiniões foram feitas com seriedade e respeito”, completou Araghchi, confirmando que a segunda rodada ocorrerá em Roma.

      As negociações ocorrem em um momento de crescente tensão no Oriente Médio e de esforço internacional para evitar uma nova escalada envolvendo o programa nuclear iraniano. A iniciativa, que parecia ter perdido fôlego nos últimos anos após a retirada dos EUA do Acordo Nuclear de 2015 durante o governo de Donald Trump, agora ressurge como possibilidade concreta de reaproximação.

      O histórico das tratativas é marcado por avanços e rupturas. Em 2015, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) foi assinado entre Irã, EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha. O acordo limitava o enriquecimento de urânio pelo Irã em troca da suspensão de sanções internacionais. Em 2018, o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou unilateralmente seu país do pacto, alegando que o acordo era insuficiente para conter as ambições nucleares iranianas.

      Desde então, as negociações para restaurar o JCPOA vinham sendo conduzidas com mediação da União Europeia, mas com poucos resultados práticos. Em 2024, os sinais de retomada surgiram com maior intensidade após a posse de novos representantes diplomáticos nos dois países e a atuação mais ativa de países como Omã, Catar e Suíça nos bastidores.

      A escolha por negociações indiretas tem sido uma estratégia para evitar embates diretos e construir confiança gradualmente. Em Mascate, representantes das delegações permaneceram em salas separadas, com diplomatas de Omã fazendo a ponte entre eles. O modelo é similar ao adotado em negociações anteriores com a Coreia do Norte e outras situações delicadas na diplomacia internacional. 

      A realização da nova rodada em Roma é vista como sinal de progresso. Fontes ouvidas pela Axios afirmam que a Itália se apresentou como local neutro e com boa infraestrutura diplomática para acolher as delegações.

      Embora ainda não haja confirmação oficial sobre a pauta da reunião de sábado, especialistas apontam que o foco deve permanecer na retomada de compromissos do acordo nuclear e na garantia de que o Irã não avance no enriquecimento de urânio em níveis considerados preocupantes. Por parte de Teerã, a exigência principal continua sendo o alívio das sanções econômicas que vêm impactando sua economia desde 2018.

      A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. A retomada do diálogo é vista como essencial para evitar novos confrontos no Golfo Pérsico e para preservar o multilateralismo nas relações internacionais. Resta saber até que ponto os gestos de conciliação se converterão em acordos concretos.

      Enquanto isso, os olhos da diplomacia mundial se voltam para Roma, onde, no sábado, EUA e Irã terão mais uma chance de reconstruir uma ponte abalada por anos de desconfiança e hostilidade.

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