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    EUA usam guerra na Ucrânia para pressionar a China, diz Lavrov

    Chanceler russo critica estratégia dos EUA na Ucrânia e diz que Rússia não faz suposições sobre os planos do governo Trump

    Sergei Lavrov, chanceler da Rússia (Foto: TASS)

    TASS - Os Estados Unidos, em seus esforços para pressionar a China em relação à questão de Taiwan, utilizam métodos muito semelhantes aos que foram empregados anteriormente para estabelecer um ponto de apoio anti-Rússia na Ucrânia, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em entrevista de fim de ano à agência TASS.

    "Não fazemos suposições sobre os planos da futura administração dos EUA; isso é trabalho para os cientistas políticos. Se avaliarmos a situação geral na região, ela continua se deteriorando. Os EUA e seus aliados declaram seu compromisso com o princípio de 'uma só China', mas insistem em manter o status quo, o que implica preservar a situação atual indefinidamente", disse o ministro ao ser questionado sobre a questão de Taiwan e o impacto da nova administração de Donald Trump nos processos da região.

    "Enquanto isso, os americanos estão tomando ações provocativas no Estreito de Taiwan, fornecendo armas para Taipé e desenvolvendo um diálogo quase político com as autoridades locais. Tudo isso, sem dúvida, contribui para o crescimento de sentimentos separatistas. Esses métodos são muito semelhantes aos que foram usados pelos americanos para estabelecer um ponto de apoio anti-Rússia na Ucrânia", acrescentou Lavrov. 

    Não-alinhamento da Ucrânia 

    Garantir o status de não-alinhamento da Ucrânia continua sendo o objetivo da operação militar especial da Rússia, que será alcançado, disse Lavrov.. 

    "Uma vez que a expansão da OTAN por vários anos foi uma das principais causas da crise ucraniana, assegurar o status de não-alinhamento de Kiev está entre os objetivos da operação militar especial que devem ser alcançados", afirmou Lavrov. 

    OTAN e ataques com mísseis de longo alcance no território russo

    Lavrov sugeriu que a OTAN, que esteve envolvida na invasão da região de Kursk e em ataques com mísseis de longo alcance no território russo, deveria "se olhar no espelho" antes de acusar Moscou de escalada.

    Quando perguntado sobre as acusações ocidentais de que a Rússia estaria escalando o conflito devido ao suposto envolvimento militar da Coreia do Norte nos combates, Lavrov respondeu: "Já comentamos várias vezes sobre essa questão, que é constantemente alimentada no Ocidente. Recentemente, os relatos falsos se tornaram ainda mais agressivos. Podemos respondê-los brevemente com as palavras do conhecido ditado: 'Se a carapuça serve, use-a'."

    "Aqueles que acusam a Rússia de algo precisam se olhar no espelho", continuou o ministro. "Militares e mercenários da OTAN estão claramente envolvidos no planejamento e na condução de operações de combate ao lado das forças armadas ucranianas. A OTAN está envolvida na invasão da região de Kursk e em ataques com mísseis de longo alcance no território russo. O presidente Vladimir Putin deixou isso claro em seus recentes discursos públicos. De que tipo de escalada da nossa parte podemos sequer falar?", questionou Lavrov.

    Rússia se manterá afastada da 'cúpula de paz' de Kiev

    Moscou não participará da "cúpula de paz" nem seguirá as declarações de Vladimir Zelensky, disse Lavrov na entrevista de fim de ano à TASS. 

    "É impossível adivinhar o que significa a admissão pública de Zelensky sobre sua incapacidade de recuperar os territórios perdidos pela força. Zelensky continua fazendo várias declarações o tempo todo. Francamente, paramos de prestar atenção nelas", afirmou o chanceler. 

    "Não acreditamos em declarações, mas sim em fatos, especialmente quando se trata do regime de Kiev", acrescentou. 

    "Reforcei várias vezes que não participaremos da 'cúpula de paz', mesmo que recebamos um convite", destacou Lavrov. 

    Rússia e Geórgia

    Moscou está pronta para normalizar as relações com Tbilisi, na medida em que a Geórgia estiver preparada, afirmou Lavrov na entrevista.

    "Estamos determinados a normalizar as relações russo-georgianas exatamente na medida em que Tbilisi estiver pronta", declarou.

    Independência de Taiwan 

    Moscou é contra a independência de Taiwan em qualquer forma, disse Lavrov. 

    "Nossa posição de princípio sobre a questão de Taiwan permanece inalterada. Ela foi descrita em uma declaração conjunta dos líderes da Rússia e da China após a visita de maio do presidente russo Vladimir Putin ao país", afirmou o chanceler.

    Lavrov relembrou que o documento afirma que "o lado russo reafirma seu compromisso com o princípio de 'uma só China', reconhece que Taiwan é uma parte inalienável da China e se opõe à independência de Taiwan em qualquer forma".

    Confronto Irã-Israel 

    O "arco de violência" no Oriente Médio se ampliou, e o confronto entre Irã e Israel chegou a uma linha perigosa, disse Lavrov. 

    O principal diplomata russo chamou atenção para o fato de que a tensão constante e os repetidos surtos de violência no Oriente Médio são, em grande parte, resultado das ações irresponsáveis dos EUA e de suas aspirações de "interferir ativamente nos assuntos internos dos Estados árabes e traçar linhas divisórias artificiais de maneira assertiva". 

    "A combinação desses fatores levou à desestabilização da situação militar e política no Oriente Médio em outubro passado", destacou. "Desde então, o arco de violência se estendeu para fora da zona de conflito israelo-palestina, chegando ao Líbano e às águas do Mar Vermelho. O confronto Irã-Israel atingiu um limite perigoso", concluiu Lavrov.

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