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    Guerra e geopolítica não devem estar na agenda do G20, diz embaixador russo no Brasil

    Reunião de cúpula do G20 será realizada entre os dias 18 e 19 deste mês, no Rio de Janeiro

    Lula em Reunião Ministerial do G20 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    247 - O embaixador da Rússia no Brasil, Alexei Labetski, declarou nesta quinta-feira (31), que Moscou não aceita que temas geopolíticos dominem a agenda da Cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. Ele destacou que a delegação russa trabalhará para bloquear discussões sobre a guerra na Ucrânia, uma vez que considera que esses debates têm prejudicado a diplomacia do país.

    Labetski criticou a introdução unilateral de questões geopolíticas, enfatizando que isso não está alinhado com o formato tradicional do G20. “A introdução das questões geopolíticas no G20 de maneira unilateral, como querem os americanos, europeus e seus aliados, não corresponde ao formato historicamente estabelecido”, afirmou o diplomata, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Ele também sugeriu que, para evitar o debate atual, se retomem discussões sobre guerras passadas, como as do Vietnã, Iraque e Líbia, afirmando que “mil e uma questões vão surgir” se esse caminho for seguido.

    Diplomatas envolvidos nas negociações indicam que o Brasil já fez progressos em restringir os debates sobre conflitos a reuniões de ministros das Relações Exteriores e chefes de Estado. No entanto, há uma expectativa crescente de que a questão da guerra na Ucrânia se transforme em um grande embate durante a cúpula no Rio. Labetski ressaltou que os países continuam a negociar a linguagem utilizada para abordar a guerra na Ucrânia, assim como os conflitos no Oriente Médio, envolvendo Israel, o grupo terrorista Hamas, o Irã e o Hezbollah.

    Historicamente, a introdução do tema provocou fortes discussões em reuniões anteriores, que impediram a publicação de comunicados de consenso. Esses debates também quase resultaram na queda do comunicado final dos líderes, o que evidencia a tensão existente entre os países participantes.

    O embaixador russo enfatizou a responsabilidade do Brasil, como organizador do evento, em assegurar que não ocorram constrangimentos durante a participação da delegação russa. Ele também lembrou das dificuldades enfrentadas pelos representantes de Moscou em fevereiro, quando tiveram problemas para reabastecer suas aeronaves no Brasil, uma consequência das sanções impostas pelos EUA. “Quem nos convidou e garante o serviço é a parte brasileira. Partimos do princípio que nossos parceiros brasileiros vão nos dar a possibilidade de resolver todas as questões”, afirmou.

    Labetski também abordou a possibilidade de uma aproximação nas propostas de negociação entre Brasil, China e Ucrânia, mas rechaçou a ideia, afirmando que “essa ideia nada tem a ver com a realidade”. Para ele, as tentativas anteriores de diálogo foram infrutíferas e enumerou questões consideradas inaceitáveis para a Rússia, como a presença de um ponto de ataque na fronteira russa e a possibilidade da Ucrânia entrar na Otan.

    Por fim, o embaixador se posicionou sobre a divulgação de dados de inteligência que indicam movimentação de soldados norte-coreanos em solo russo, afirmando que se trata de “uma invenção”. Ele defendeu que a Rússia pode utilizar os acordos de defesa mútua assinados com a Coreia do Norte e reiterou a importância de recordar ao Ocidente que a Rússia possui armas nucleares, como forma de dissuasão.

    Labetski concluiu afirmando que espera que Brasil e Venezuela resolvam suas divergências políticas, especialmente após o veto do governo Lula à entrada do país vizinho no Brics. “É uma questão que os brasileiros e venezuelanos devem resolver. São Estados bem crescidos, soberanos, e podem resolver as questões de acordo com seus interesses”, finalizou.

    A expectativa é que, ao final deste ano, a Rússia passe a presidência rotativa do Brics ao Brasil, e Labetski destacou que uma das principais tarefas da nova presidência será trabalhar para “criar um sistema financeiro independente”, em resposta ao que considera “sanções ilegítimas” impostas por países ocidentais.

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