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Inteligência dos EUA teme 'retaliação letal' da Rússia em caso de ataques de longo alcance da Ucrânia

Além disso, dizem as agências de Inteligência dos Estados Unidos, os ataques com mísseis de longo alcance não mudarão o curso da guerra

Presidentes Volodymyr Zelensky, da Ucrânia (à esq.), e Joe Biden (EUA) (Foto: ELIZABETH FRANTZ / REUTERS)

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247 - As agências de inteligência dos Estados Unidos emitiram um alerta contundente sobre os riscos de permitir que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance fornecidos por aliados ocidentais para atacar alvos dentro da Rússia. Segundo um relatório confidencial, a Rússia provavelmente responderia com retaliação significativa, possivelmente incluindo ataques letais contra os Estados Unidos e seus aliados. As informações foram repassadas por autoridades de segurança americana, sob condição de anonimato, e divulgadas pelo The New York Times e jornal O Globo.

De acordo com a avaliação da inteligência, que não havia sido reportada anteriormente, o impacto estratégico desses mísseis no curso da guerra seria limitado, uma vez que a Ucrânia tem acesso a uma quantidade restrita dessas armas. Além disso, não está claro quantos mísseis adicionais os aliados ocidentais poderiam fornecer no futuro. Esse cenário destaca a complexidade da decisão que recai sobre o presidente Joe Biden, que recentemente se reuniu com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington. A decisão de autorizar ou não esses ataques envolve não apenas considerações estratégicas, mas também a iminente ameaça de uma retaliação russa.

Zelensky tem feito lobby intenso, tanto em público quanto em reuniões privadas, para que os EUA aprovem o uso de mísseis de longo alcance. Contudo, essa decisão carrega implicações profundas, especialmente devido à natureza imprevisível das reações de Moscou. A Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin, frequentemente utiliza ameaças de retaliação para impedir que o Ocidente forneça armamentos mais avançados à Ucrânia.

Embora os Estados Unidos estejam analisando cuidadosamente os riscos, o Reino Unido, por outro lado, tem demonstrado maior disposição em apoiar o uso desses mísseis por Kiev. Os britânicos já forneceram mísseis Storm Shadow à Ucrânia e estão dispostos a permitir que sejam utilizados para atacar alvos dentro da Rússia, embora aguardem uma posição firme dos EUA antes de autorizar os ataques, temendo as repercussões em termos de segurança para toda a coalizão ocidental.

A inteligência dos EUA esboçou uma série de possíveis respostas russas, que vão desde atos de sabotagem e incêndios criminosos em solo europeu até ataques mais diretos e letais contra bases militares americanas e europeias. A GRU, agência de inteligência militar da Rússia, já foi responsabilizada por várias operações de sabotagem na Europa, e acredita-se que possa intensificar essas atividades se a Ucrânia utilizar mísseis ocidentais. Porém, para evitar uma escalada internacional, os russos provavelmente optariam por agir secretamente, sem realizar ataques abertos que pudessem ampliar o conflito.

Atualmente, a Ucrânia dispõe de três tipos de mísseis de longo alcance fornecidos por aliados ocidentais: os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS), fabricados nos EUA; os mísseis Storm Shadow, de fabricação britânica; e os mísseis SCALP, fornecidos pela França. Esses sistemas têm sido utilizados para atingir alvos militares russos, principalmente na Península da Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014.

Ainda que esses mísseis tenham ampliado a capacidade ofensiva ucraniana, especialistas avaliam que eles não serão suficientes para alterar drasticamente o cenário da guerra. A principal questão agora é se os aliados continuarão a fornecer essas armas em quantidades suficientes para fazer uma diferença real no conflito.

As incertezas quanto à quantidade de mísseis disponíveis e a potencial retaliação de Moscou tornam a decisão de Biden uma das mais delicadas até o momento. Os riscos de uma escalada global, envolvendo diretamente os países da Otan, são grandes, e qualquer movimento nesse sentido será minuciosamente calculado por Washington.

A pressão sobre Biden é intensa, já que Zelensky busca expandir a capacidade da Ucrânia de levar a guerra mais profundamente ao território russo. No entanto, a resposta russa, caso a autorização para o uso de mísseis seja concedida, pode colocar em xeque a segurança das forças americanas e europeias, e aumentar o risco de um confronto direto entre a Rússia e o Ocidente.

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