Itamaraty lamenta tarifas unilaterais de Trump e afirma que governo brasileiro defenderá produtores nacionais
Mais cedo, Trump anunciou tarifas comerciais "recíprocas" de 10% contra o Brasil
247 - O Palácio do Itamaraty lamentou, em nota nesta quarta-feira (2), a imposição unilateral de tarifas comerciais de 10% adicionais sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mais cedo, Trump anunciou tarifas comerciais "recíprocas" de 10% contra o Brasil. Ele fez um discurso agressivo ao justificar as medidas.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) disse na nota que os EUA violam compromissos internacionais ao aplicar as tarifas, lembrou que o país possui um dos maiores superávits comerciais com o Brasil e prometeu realizar consultas com o setor privado para articular medidas de resposta.
O governo federal também afirmou que se mantém aberto ao diálogo com as autoridades da Casa Branca e destacou a análise, pelo Congresso Nacional, de uma proposta de retaliação.
O Itamaraty e também o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informaram ainda que o Brasil não descarta a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço.
"Ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes, o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais", diz o documento do MRE.
Leia a íntegra da nota:
O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 2 de abril, de impor tarifas adicionais no valor de 10% a todas as exportações brasileiras para aquele país. A nova medida, como as demais tarifas já impostas aos setores de aço, alumínio e automóveis, viola os compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio e impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA.
Segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo.
Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a “reciprocidade comercial” não reflete a realidade.
Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes, o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais.
Nesse sentido, o governo brasileiro destaca a aprovação pelo Senado Federal do Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, já em apreciação pela Câmara dos Deputados.
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