Primeiro-ministro do Canadá diz que era de laços profundos com Estados Unidos acabou
Canadá se afasta dos EUA dizendo que o país não é mais um parceiro confiável
247 - As relações entre Canadá e Estados Unidos atingiram um novo ponto de tensão após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a imposição de tarifas de 25% sobre carros e peças de automóveis importados. Segundo informações do The Guardian, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, declarou que essa decisão alterou de forma permanente os laços entre os dois países, marcando o fim de uma era de cooperação e integração econômica.
Em declarações aos repórteres, Carney foi direto ao afirmar que o antigo modelo de relacionamento bilateral, baseado na cooperação em segurança e integração econômica, chegou ao fim. "O antigo relacionamento que tínhamos com os Estados Unidos, baseado no aprofundamento da integração de nossas economias e na cooperação rigorosa em segurança e militar, acabou," disse o primeiro-ministro. Ele classificou as tarifas como “injustificadas” e acusou Trump de violar acordos comerciais previamente estabelecidos.
Carney anunciou que discutirá com líderes provinciais e empresariais nesta sexta-feira (28) uma resposta coordenada às tarifas. “Nossa resposta a essas últimas tarifas é lutar, é proteger, é construir,” declarou. “Combateremos as tarifas dos EUA com ações comerciais retaliatórias nossas, que terão impacto máximo nos Estados Unidos e impactos mínimos aqui no Canadá.”
A decisão de Trump, anunciada na quarta-feira, prevê que as tarifas de 25% sobre carros e peças de automóveis importados entrem em vigor a partir de 3 de abril. Especialistas alertam que essa medida deve impactar a economia canadense.
A decisão de Trump também expõe as crescentes divisões no sistema de comércio global, destacando os limites das instituições multilaterais para mediar disputas comerciais entre grandes potências. A Organização Mundial do Comércio (OMC), enfraquecida por anos de impasses e obstruções nos mecanismos de resolução de conflitos, pode enfrentar dificuldades para arbitrar esse novo confronto comercial.
Para o Canadá, as tarifas representam não apenas um desafio econômico imediato, mas também um reposicionamento estratégico em relação aos Estados Unidos. A relação comercial entre os dois países é uma das mais integradas do mundo, com cadeias de suprimentos interligadas que atravessam diariamente a fronteira em volumes bilionários. As tarifas sobre automóveis, portanto, afetam diretamente a indústria canadense, que depende em grande parte das exportações para o mercado norte-americano.
Economistas alertam que as tarifas podem provocar efeitos em cascata em diversos setores. A indústria automobilística canadense, concentrada principalmente em Ontário, emprega milhares de trabalhadores que agora enfrentam o risco de cortes de empregos e fechamento de fábricas. Os preços dos carros também devem subir nos Estados Unidos, pressionando o consumidor norte-americano e desacelerando o mercado automotivo.
Em meio a essa turbulência, Carney busca articular uma resposta rápida e eficaz. O governo canadense já sinalizou que pode adotar medidas como o aumento de tarifas sobre produtos estratégicos exportados para os EUA, além de buscar diversificar mercados de exportação para reduzir a dependência econômica de Washington. “Precisamos fortalecer nossa economia interna e expandir nossas parcerias comerciais com outros mercados. O Canadá tem opções e vamos usá-las,” declarou Carney.
A resposta internacional às tarifas de Trump reflete uma preocupação mais ampla com a guinada protecionista dos Estados Unidos sob sua liderança. Desde o início de seu mandato, Trump adotou uma postura agressiva em relação ao comércio global, retirando os EUA de acordos multilaterais e impondo barreiras tarifárias para proteger a indústria doméstica. Essa estratégia, no entanto, tem gerado tensões diplomáticas e comerciais, colocando em risco o equilíbrio econômico global.
Mark Carney, que assumiu o cargo de primeiro-ministro com um discurso de fortalecimento da economia canadense e defesa dos interesses nacionais, agora enfrenta seu primeiro grande teste político e econômico. A imposição de tarifas por Trump pode obrigar o Canadá a redefinir sua estratégia comercial e diplomática, buscando novas alianças e fortalecendo sua posição no cenário internacional.
Enquanto os aliados de Washington na Europa e na Ásia se mobilizam para uma resposta conjunta, o Canadá se prepara para enfrentar um período de incerteza e realinhamento econômico. “Esta é uma nova era para as relações entre Canadá e Estados Unidos. Não será fácil, mas o Canadá está preparado para defender seus interesses com determinação e coragem,” concluiu Carney em seu discurso.
Com a entrada em vigor das tarifas já marcada para 3 de abril, o governo canadense e seus aliados enfrentam uma corrida contra o tempo para tentar conter os efeitos dessa nova rodada de protecionismo norte-americano. O desfecho dessa disputa comercial poderá redefinir não apenas as relações bilaterais entre Canadá e Estados Unidos, mas também o equilíbrio de forças no comércio internacional nos próximos anos.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: