Mercados europeus desabam com tarifas de Trump; cresce o temor de recessão
Índice STOXX 600 tem pior desempenho desde a pandemia; União Europeia promete resposta unida às medidas dos EUA
247 - As bolsas europeias viveram um início de semana turbulento, com fortes quedas nos principais índices e temor generalizado de uma recessão, após o anúncio de tarifas radicais por parte dos Estados Unidos. A informação é da agência Reuters.
O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 5,8% na manhã desta segunda-feira (7), acumulando o maior recuo percentual em um único dia desde a crise da COVID-19. A queda marca o nível mais baixo do índice nos últimos 16 meses. Ações sensíveis ao comércio e ao setor industrial foram particularmente afetadas, incluindo fabricantes de armas e bancos.
Na Alemanha, o índice DAX, altamente exposto ao comércio internacional, despencou 6,6%. Entre as maiores perdas do dia, a fabricante de tanques Rheinmetall liderou os recuos com uma queda de 23,7%. Outras empresas do setor de defesa, como Hensoldt e Renk, recuaram entre 17% e 21%, refletindo a deterioração do ambiente de confiança no mercado europeu.
As tensões foram agravadas pela movimentação dos traders, que passaram a precificar uma taxa de depósito do Banco Central Europeu (BCE) em 1,70% para dezembro, um recuo em relação às estimativas anteriores (1,75% na sexta-feira e 1,9% na semana passada), antes da imposição das novas tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Bancos em queda livre
Os bancos europeus também enfrentaram perdas significativas. Segundo reportagem de Anna Pruchnicka e Anastasiia Kozlova, da Reuters, o índice de ações bancárias caiu 4,8% e acumula agora uma queda superior a 20% em relação ao seu pico de fechamento recente, o que caracteriza tecnicamente um mercado em baixa.
Entre os principais afetados, os bancos alemães Commerzbank e Deutsche Bank, os franceses Credit Agricole, Societe Generale e BNP Paribas caíram entre 9% e 10%. No Reino Unido, o Barclays teve queda de 9%, e o HSBC recuou cerca de 5%. No cenário asiático, um índice de ações bancárias japonesas também registrou forte baixa, de até 17%.
UE prepara resposta unificada
Diante da escalada das tensões comerciais, a União Europeia articula uma resposta conjunta às tarifas norte-americanas. Os países do bloco pretendem aprovar nos próximos dias um primeiro conjunto de contramedidas, que poderá atingir até US$ 28 bilhões em importações dos EUA, abrangendo produtos variados — de fio dental a diamantes.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi enfática ao condenar a postura dos EUA. “A UE está preparada para defender seus interesses com contramedidas proporcionais às tarifas de Trump e trabalhará com parceiros para esse fim”, declarou, segundo reportagem de Foo Yun Chee.
Von der Leyen também destacou o compromisso europeu com a cooperação em segurança e defesa com a Grã-Bretanha e expressou preocupação com a interrupção dos esforços de paz na Ucrânia provocada pela Rússia. Ela deverá se encontrar com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer em Londres no próximo dia 24 de abril, durante a Cúpula Internacional sobre o Futuro da Segurança Energética.
Impacto global e clima de incerteza
As consequências das tarifas norte-americanas estão reverberando para além da Europa. O pânico nos mercados, provocado pela percepção de uma possível guerra comercial ampliada, tem pressionado moedas, títulos públicos e setores inteiros da economia global.
O cenário atual remete à instabilidade provocada pelas políticas tarifárias de Trump durante seu mandato anterior, reacendendo temores de um protecionismo agressivo e do enfraquecimento do comércio multilateral.
Analistas apontam que, se não houver uma rápida desescalada, o mundo poderá entrar em uma nova fase de retração econômica, com efeitos severos sobre cadeias produtivas globais e perspectivas de crescimento, especialmente em regiões já fragilizadas pela inflação e juros elevados.
Enquanto os líderes europeus articulam uma reação diplomática e comercial, investidores seguem atentos a novos anúncios de Washington e a possíveis sinalizações do BCE e de outras autoridades monetárias. O risco de uma recessão, até pouco tempo tratado como remoto, ganha força nas projeções de curto prazo.
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