Musk bloqueia acesso de servidores a sistemas federais
Ações da equipe de Elon Musk geram preocupações sobre segurança cibernética e falta de transparência na gestão de dados de milhões de funcionários públicos
Reuters – Assessores de Elon Musk, responsáveis pela administração do Office of Personnel Management (OPM), que centraliza os dados do serviço público nos Estados Unidos, bloquearam o acesso de servidores de carreira aos sistemas que contêm dados pessoais de milhões de funcionários públicos federais dos Estados Unidos. A informação foi revelada por dois funcionários da agência em entrevista à Reuters.
Desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo, há 11 dias, sua administração iniciou uma ampla reestruturação do governo, com demissões em massa e a nomeação de aliados leais. Elon Musk, bilionário CEO da Tesla e proprietário da X, foi incumbido de reduzir o número de servidores civis, que somam 2,2 milhões, e rapidamente instalou colaboradores próximos no OPM.
Os sistemas bloqueados incluem o Enterprise Human Resources Integration, uma base de dados que armazena informações sensíveis, como datas de nascimento, números da seguridade social, avaliações de desempenho, endereços residenciais, cargos e tempo de serviço dos funcionários federais.
"Não temos visibilidade sobre o que estão fazendo com esses sistemas e dados. Isso gera grande preocupação, pois não há supervisão, o que implica riscos reais de segurança cibernética e vulnerabilidades a ataques", alertou um dos funcionários.
Embora ainda possam acessar e-mails, os servidores afetados estão impedidos de visualizar os vastos bancos de dados que abrangem todos os aspectos da força de trabalho federal. Nem Musk, nem representantes do OPM ou da Casa Branca responderam aos pedidos de comentário da Reuters.
Um clima de tomada hostil
O impacto das mudanças vai além do bloqueio de acessos. Membros da equipe de Musk instalaram sofás-cama no quinto andar da sede do OPM, onde fica o gabinete da direção, para trabalhar em regime ininterrupto. A prática é semelhante à adotada por Musk quando assumiu o controle da X (antigo Twitter), em 2022.
"Parece uma tomada hostil", disse um dos funcionários da agência.
Entre as medidas mais controversas está a remoção de Katie Malague, diretora de gestão do OPM, de seu gabinete para um escritório em outro andar. Malague não respondeu aos pedidos de entrevista.
Além disso, David Lebryk, o mais alto funcionário de carreira do Departamento do Tesouro, está prestes a deixar o cargo após um confronto com aliados de Musk que solicitaram acesso a sistemas de pagamento, segundo o Washington Post.
O novo time do OPM inclui engenheiros de software e antigos colaboradores de Musk, como Brian Bjelde, ex-vice-presidente de recursos humanos da SpaceX, que agora atua como conselheiro sênior da agência. Amanda Scales, também ex-funcionária de Musk, ocupa o cargo de chefe de gabinete do OPM.
Em memorandos recentes, Charles Ezell, diretor interino do OPM, ofereceu pacotes de desligamento voluntário com até oito meses de salário para funcionários que aceitarem se demitir.
"Ninguém aqui sabia que esses memorandos seriam enviados. Descobrimos ao mesmo tempo que o público", afirmou um dos funcionários.
Especialistas em administração pública expressaram preocupação com a falta de supervisão sobre as atividades do OPM.
"Isso torna muito mais difícil para qualquer pessoa fora do círculo interno de Musk saber o que está acontecendo", destacou Don Moynihan, professor da Ford School of Public Policy da Universidade de Michigan.
As ações da equipe de Musk no OPM evidenciam sua crescente influência na administração federal e levantam questões sobre a transparência e a segurança dos dados governamentais em meio à reestruturação promovida pelo governo Trump.
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