"O céu não vai cair": China minimiza o tarifaço de Trump
Autoridade alfandegária da China exalta o "vasto mercado interno" do país e lembra que o comércio se diversificou, diminuindo sua dependência dos EUA
247 - A China buscou tranquilizar os mercados globais ao afirmar que o impacto do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre suas exportações será limitado. Segundo a agência estatal Xinhua, o porta-voz da Administração Geral das Alfândegas da China, Lyu Daliang, declarou nesta segunda-feira (14) que “o céu não vai cair”, apesar das medidas tarifárias adotadas por Washington, relata o The Guardian.
Nos últimos anos, Pequim diversificou seus parceiros comerciais e reforçou sua estratégia de estímulo à demanda doméstica. “Esses esforços não apenas sustentaram o desenvolvimento de nossos parceiros, como também fortaleceram nossa própria resiliência”, afirmou Lyu. Ele destacou ainda o papel do “vasto mercado interno” chinês como ferramenta para conter os efeitos das tensões comerciais externas.
Medidas de alívio e nova reviravolta - A tensão no comércio internacional aumentou desde 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas sobre produtos de todos os países. Em resposta, a China aplicou taxas de até 125% sobre produtos norte-americanos, em reação às tarifas de 145% impostas pelos EUA sobre importações chinesas. A guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta provocou instabilidade nos mercados financeiros desde então.
No fim de semana, a Casa Branca tentou sinalizar moderação ao anunciar isenções para itens eletrônicos como smartphones, laptops e semicondutores, retirando-os das taxas mais elevadas. No entanto, a sinalização durou pouco: o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que esses dispositivos voltarão a ser taxados como parte das tarifas sobre semicondutores, com aplicação prevista para os próximos meses.
Trump reforçou a posição em sua rede social, a Truth Social, na noite de domingo. “Ninguém está sendo ‘liberado’”, escreveu, ressaltando que os smartphones continuam sujeitos a uma tarifa de 20%, com possibilidade de elevação.
Reação dos mercados e críticas de Xi Jinping - Apesar das idas e vindas da política tarifária norte-americana, os investidores demonstraram otimismo nesta segunda-feira. O índice Nikkei, do Japão, subiu 1,2%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 2,2%. As bolsas de Xangai e Shenzhen registraram ganhos de 0,8% e 1,2%, respectivamente. Na Europa, o índice FTSE 100, de Londres, cresceu 1,6%; o Dax, da Alemanha, 2,2%; e o Cac 40, da França, 2%.
Durante uma visita oficial ao Vietnã, o presidente chinês Xi Jinping também criticou a política comercial dos Estados Unidos. Em artigo publicado na imprensa vietnamita, Xi advertiu que uma “guerra comercial e tarifária não terá vencedores” e que “o protecionismo não levará a lugar nenhum”.
Xi visitou um dos países que mais se beneficiaram da realocação da cadeia de suprimentos global nas últimas décadas — o Vietnã hoje é o oitavo maior exportador de bens para os EUA. No entanto, o país asiático também está sob ameaça de novas tarifas de até 46% quando expirar a pausa de 90 dias decretada por Trump.
Com as retaliações em curso e o cenário ainda indefinido, a China parece focada em fortalecer sua economia interna para enfrentar um ambiente global de incertezas, ao mesmo tempo em que envia sinais de estabilidade aos mercados.
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