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    Putin atualiza doutrina nuclear russa e emite advertência aos Estados Unidos

    Com a atualização, Moscou reduziu as restrições para utilizar armas nucleares, após Kiev ser autorizado a usar mísseis de longo alcance

    Joe Biden, Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin (Foto: Reuters/Leah Millis | Reuters/Valentyn Ogirenko | Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via Reuters)

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    (Reuters) – O presidente russo, Vladimir Putin, reduziu nesta terça-feira o limite para um ataque nuclear em resposta a uma gama mais ampla de ataques convencionais, e Moscou disse que a Ucrânia atacou profundamente o território russo com mísseis ATACMS fabricados nos EUA.

    Putin aprovou a mudança dias depois que dois funcionários dos EUA e uma fonte familiarizada com a decisão disseram no domingo que o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar armas fabricadas nos EUA para atacar em território russo.

    A Rússia vinha alertando o Ocidente há meses que, se Washington permitisse que a Ucrânia disparasse mísseis dos EUA, britânicos e franceses em território russo, Moscou consideraria esses membros da OTAN diretamente envolvidos na guerra na Ucrânia.

    A nova doutrina nuclear russa, que estabelece as condições sob as quais Putin poderia ordenar um ataque com o maior arsenal nuclear do mundo, foi aprovada por ele nesta terça-feira, segundo um decreto publicado.

    Analistas disseram que a maior mudança foi que a Rússia poderia considerar um ataque nuclear em resposta a um ataque convencional contra a Rússia ou seu aliado Belarus que "criasse uma ameaça crítica à sua soberania e (ou) integridade territorial".

    "O contexto geral é que a Rússia está reduzindo o limite para um ataque nuclear em resposta a um possível ataque convencional", disse Alexander Graef, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa para a Paz e Política de Segurança da Universidade de Hamburgo.

    A doutrina anterior, contida em um decreto de 2020, dizia que a Rússia poderia usar armas nucleares em caso de um ataque nuclear por um inimigo ou um ataque convencional que ameaçasse a existência do estado.

    O Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que não viu razão para ajustar a postura nuclear dos EUA. Juntos, Rússia e EUA controlam 88% das ogivas nucleares do mundo.

    Putin é o principal tomador de decisões sobre o uso do arsenal nuclear russo.

    REDUÇÃO DO LIMITE - A doutrina dizia que qualquer ataque por uma potência não nuclear apoiada por uma potência nuclear seria considerado um ataque conjunto, e que qualquer ataque por um membro de um bloco militar seria considerado um ataque de toda a aliança, afirmou.

    O ministério da defesa da Rússia disse que a Ucrânia atacou a região de Bryansk, na Rússia, com seis mísseis, e que os sistemas de defesa aérea interceptaram cinco, danificando um.

    "Consideraremos isso uma nova fase qualitativa da guerra ocidental contra a Rússia e reagiremos de acordo", disse o ministro das Relações Exteriores de Putin, Sergei Lavrov, em inglês, acrescentando que dados e pessoal dos EUA devem ter sido usados no ataque com ATACMS à Rússia.

    Lavrov afirmou que a Rússia faria tudo para evitar uma guerra nuclear e ressaltou que foram os EUA que usaram armas nucleares contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

    No 1.000º dia da guerra na Ucrânia, a Rússia também incluiu uma definição mais ampla dos dados que poderiam indicar que o país estava sob ataque massivo de aeronaves, mísseis de cruzeiro e drones.

    A guerra está entrando no que alguns funcionários russos e ocidentais dizem ser sua fase final e mais perigosa, enquanto as forças de Moscou avançam no ritmo mais rápido desde as primeiras semanas do conflito, e o Ocidente pondera como a guerra terminará.

    Os títulos do governo e o iene japonês subiram, enquanto as ações e o euro caíram, à medida que investidores compravam ativos de refúgio seguro após a publicação da doutrina russa. O rublo russo caiu abaixo de 100 por dólar pela primeira vez desde outubro de 2023.

    GUERRA

    Diplomatas russos dizem que a crise é comparável à Crise dos Mísseis de Cuba de 1962, quando as duas superpotências da Guerra Fria estiveram mais perto de uma guerra nuclear intencional, e que o Ocidente está cometendo um erro se acredita que a Rússia vai recuar em relação à Ucrânia.

    O Kremlin afirmou que a Rússia considera as armas nucleares um meio de dissuasão e que o texto atualizado foi destinado a deixar claro para os inimigos em potencial a inevitabilidade de retaliação caso ataquem a Rússia.

    "Agora o perigo de um confronto armado direto entre potências nucleares não pode ser subestimado, o que está acontecendo não tem precedentes, estamos entrando em território militar e político desconhecido", disse Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia responsável pelo controle de armas e relações com os EUA.

    As principais mudanças na doutrina nuclear foram sinalizadas por Putin em setembro.

    Questionado se a publicação do decreto estava relacionada à decisão de Washington de permitir que a Ucrânia disparasse mísseis dos EUA em território russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a doutrina foi publicada de maneira "oportuna".

    "A dissuasão nuclear visa garantir que um adversário em potencial compreenda a inevitabilidade de retaliação em caso de agressão contra a Federação Russa e/ou seus aliados", disse Peskov.

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