'Se acontecer algo comigo, saiba que tentei ao máximo', escreveu brasileiro vítima de tráfico humano em Mianmar
Phelipe e Luckas, naturais de São Paulo, foram mantidos como reféns em KK Park, uma área de Mianmar conhecida por ser um centro de "fábricas de golpes"
247 - Dois brasileiros, Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, e Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, foram resgatados no último domingo (9), após meses de sofrimento como vítimas de tráfico humano e escravidão em Mianmar, no Sudeste Asiático. Os dois haviam sido atraídos por falsas promessas de emprego e acabaram sendo forçados a trabalhar em uma máfia de golpes cibernéticos. O resgate contou com a ajuda da ONG internacional "The Exodus Road", e agora, enquanto aguardam a repatriação, enfrentam a incerteza quanto ao retorno ao Brasil. As informações são do g1.
Antes de fugir do cativeiro, Phelipe, que havia sido mantido refém junto com Luckas, fez um último contato com seu pai. "Ora por mim e pede para minha vó, Iorrana e todo mundo orar por nós para que tudo dê certo. São 85 pessoas. Eu só quero que tudo dê certo. Eu te amo, pai. Se acontecer algo comigo, saiba que eu tentei ao máximo", escreveu Phelipe em uma mensagem enviada pelo WhatsApp no sábado (8). Ele e outros 85 imigrantes cruzaram um rio e correram por dois quilômetros, numa tentativa desesperada de escapar da máfia.
Phelipe e Luckas, naturais de São Paulo, foram mantidos como reféns em KK Park, uma área de Mianmar conhecida por ser um centro de "fábricas de golpes online". A máfia os forçou a trabalhar em fraudes cibernéticas, com ameaças constantes de violência. "Um dos chefes disse que eu precisava trazer resultado para a empresa. Senão, eu iria ser agredido até sexta-feira, que é amanhã. A gente tá fazendo tudo para tentar se manter vivo", contou Phelipe em mensagem enviada ao pai, no ano passado.
Após a fuga, os dois brasileiros foram levados para um centro de detenção em Mianmar, onde aguardam a transferência para a Tailândia. A ONG que os ajudou a escapar, "The Exodus Road", está trabalhando para garantir que sejam liberados legalmente, processo que deve durar cerca de 15 dias. Em entrevista, Cíntia Meirelles, diretora da ONG, explicou que a fuga foi cuidadosamente planejada pelos reféns, que conseguiram alertar familiares e ativistas sem serem detectados pelos criminosos.
"Graças a Deus ele foi resgatado. Agora, temos uma outra etapa, porque a gente precisa de ajuda das autoridades para novos passaportes", afirmou Cleide Viana, mãe de Luckas. Os dois jovens, que ficaram mais de três meses em condições desumanas, não possuem passaportes e não podem retornar ao Brasil sem os documentos legais.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) também se manifestou sobre o caso e expressou "grande satisfação" com a liberação dos brasileiros. O governo brasileiro tem mantido contato com as famílias e as autoridades de Mianmar e Tailândia desde o ano passado, buscando garantir o retorno seguro dos dois cidadãos. O Itamaraty também confirmou que está trabalhando para regularizar a situação de Phelipe e Luckas e facilitar o processo de repatriação.
O caso de Phelipe e Luckas é apenas um entre milhares de vítimas de tráfico humano no Sudeste Asiático, uma região marcada pela presença de grupos criminosos que exploram imigrantes em situações de vulnerabilidade. Mianmar, que vive uma guerra civil desde 2021, tornou-se um terreno fértil para esse tipo de crime, com a ONU estimando que cerca de 120 mil pessoas de diferentes nacionalidades estariam sendo mantidas reféns no país.
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