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    Talibã celebra três anos no poder com desfile em ex-base americana e prega abertura ao mundo (vídeo)

    Desfile das autoridades foi cuidadosamente planejado para ocorrer em Bagram, o epicentro da ocupação militar ocidental que começou em 2001

    Membros e apoiadores do Talibã levantam uma bandeira dos EUA enquanto realizam um comício para marcar o terceiro aniversário da tomada de Cabul, em Cabul, Afeganistão, em 14 de agosto de 2024 (Foto: REUTERS/Sayed Hassib)

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    247 - Em celebração ao terceiro aniversário da tomada de Cabul, capital do Afeganistão, o Talibã realizou um desfile militar em uma antiga base americana em Bagram, exibindo equipamentos deixados pelos Estados Unidos durante sua retirada apressada em agosto de 2021. O evento, divulgado pela Sky News, simboliza não apenas a vitória do Talibã, mas também a retirada caótica das forças dos EUA, frequentemente retratada como uma humilhação para a administração Biden.

    O desfile foi cuidadosamente planejado para ocorrer em Bagram, o epicentro da ocupação militar ocidental que começou em 2001 após os ataques terroristas de 11 de setembro. A localização não foi escolhida por acaso: é um lembrete do fracasso da guerra ao terror, uma campanha militar de duas décadas que não conseguiu impedir a volta do Talibã ao poder.

    Desde então, o Talibã tem enfrentado uma série de desafios, tanto no front interno quanto no externo. O país está fragmentado socialmente, lutando para se reerguer em meio a graves crises socioeconômicas. A pressão internacional para a adoção de reformas liberalizantes é constante, mas até agora nenhum país reconheceu oficialmente o governo Talibã. Apesar disso, o Talibã tem demonstrado abertura para o diálogo internacional, embora siga enfrentando sanções pesadas e barreiras impostas por potências ocidentais, que exigem concessões na área dos direitos humanos, especialmente em relação às mulheres.

    Embora o governo interino tenha implementado algumas melhorias, como o pagamento de salários às professoras, a educação feminina continua proibida. Pequim, que enviou representantes ao Afeganistão, também tem pressionado por mudanças, mas reconhece que qualquer avanço ocorrerá lentamente, respeitando o conservadorismo profundamente enraizado nas tradições talibãs. A abordagem gradual e diplomática, segundo alguns analistas, pode ser o único caminho viável para a reconstrução do país. O mesmo caminho é defendido pela Rússia, que apresentou recentemente projetos econômicos ao país. 

    Internamente, o Talibã enfrenta o desafio de consolidar seu governo, que ainda é visto como inexperiente e enfrenta ameaças de facções rivais. Embora as ruas estejam mais seguras, a insegurança econômica é predominante, com a população sofrendo com a inflação, desemprego e a persistente repressão de liberdades sociais. A ONU cita questões como narcotráfico, desenvolvimento econômico e direitos humanos como desafios urgentes a serem enfrentados.

    Em meio a esses desafios, o Talibã busca ganhar credibilidade, tanto internamente quanto internacionalmente. O isolamento do Afeganistão em relação ao sistema bancário global e a rede SWIFT dificultam o crescimento econômico, ampliando o distanciamento do país do comércio internacional. Contudo, Pequim e Moscou têm demonstrado interesse crescente, ainda que em estágio inicial, em aproximar-se do governo talibã.

    A mensagem das autoridades do Talibã à comunidade internacional durante o desfile foi clara, relatou a Associated Press: o Afeganistão precisa de abertura, e o Talibã, por sua vez, está disposto a negociar. No entanto, Washington deve adotar uma abordagem mais diplomática e menos confrontativa e impositiva de condições muito rígidas se quiser restaurar alguma influência no país, aceitando as realidades locais. 

    A diplomacia passo a passo, adotada por Pequim e Moscou, pode ser a única estratégia capaz de abrir caminho para um Afeganistão mais estável, ao mesmo tempo em que permite ao Talibã a flexibilidade necessária para manter sua base de apoio doméstica.

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