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      Terremoto em Mianmar já deixa mais de mil mortos enquanto ajuda internacional começa a chegar

      Com magnitude de 7,7, tremor devastou o país do sudeste asiático em meio à guerra civil; número de vítimas pode ultrapassar 10 mil, segundo modelo do USGS

      Terremoto em Mianmar (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      BANGCOC, 29 de março (Reuters) — Equipes de resgate estrangeiras começaram a desembarcar neste sábado em Mianmar, país assolado por uma guerra civil e agora também por um terremoto devastador de magnitude 7,7, que já causou a morte de mais de 1.000 pessoas. A informação foi divulgada pela agência de notícias Reuters, que acompanha a crise humanitária em tempo real.

      A junta militar de Mianmar atualizou o número oficial de mortos para 1.002 neste sábado, uma elevação drástica em relação aos 144 registrados inicialmente na sexta-feira. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) alerta que o número real pode ultrapassar 10 mil vítimas fatais, além de perdas econômicas que superariam a produção anual do país.

      O tremor, ocorrido na sexta-feira por volta do horário do almoço, comprometeu estradas, pontes e edificações — incluindo parte de um hospital de mil leitos na capital Naypyitaw. Regiões inteiras, como Mandalay e o estado de Shan, já pouco controladas pela junta, foram severamente afetadas. “Operações de busca e resgate estão em andamento nas áreas atingidas”, declarou o regime militar em nota veiculada na mídia estatal.

      A tragédia em meio ao caos político

      Desde o golpe militar de 2021, que derrubou um governo civil eleito, Mianmar vive uma sangrenta guerra civil. A chegada do terremoto agravou uma situação humanitária já frágil. Diante do colapso, o chefe militar fez um raro apelo por ajuda internacional.

      A China foi um dos primeiros países a enviar uma equipe de resgate, que desembarcou em Yangon, distante centenas de quilômetros dos epicentros do desastre. Rússia, Índia, Malásia e Singapura também encaminharam aviões com suprimentos e pessoal especializado.

      O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, afirmou: “Continuaremos acompanhando os desdobramentos e mais ajuda será enviada.” A Coreia do Sul anunciou o envio de US$ 2 milhões em ajuda humanitária via organismos internacionais.

      Mesmo com as tensões diplomáticas e sanções impostas à junta militar, os Estados Unidos também declararam que prestarão algum tipo de assistência.

      Histórias de desespero e resistência

      Em Mandalay, segunda maior cidade do país, civis e voluntários trabalham com ferramentas improvisadas, diante da escassez de equipamentos pesados. Um dos moradores, Htet Min Oo, de 25 anos, relatou à Reuters um esforço desesperado para salvar familiares soterrados. “Tentei tirar os escombros para salvar minha avó e meus dois tios... mas desisti. Não sei se ainda estão vivos. Depois de tanto tempo, não acho que há mais esperança”, disse ele, às lágrimas.

      Reflexos em países vizinhos

      Na Tailândia, país vizinho a cerca de mil quilômetros do epicentro, pelo menos nove pessoas morreram após o terremoto balançar prédios e derrubar um arranha-céu em construção na capital, Bangcoc. Cerca de 30 pessoas ficaram presas sob os escombros da estrutura de 33 andares, e ao menos 15 ainda davam sinais de vida na manhã deste sábado.

      A operação de resgate mobiliza escavadeiras, drones e cães farejadores. “Faremos tudo, não vamos desistir de salvar vidas. Usaremos todos os recursos”, afirmou o governador de Bangcoc, Chadchart Sittipunt, no local da tragédia.

      Muitas famílias passaram a noite em parques públicos, sem informações sobre o paradeiro de seus entes queridos. “Rezei para que minha filha estivesse entre os levados ao hospital. Só posso esperar”, disse Waanpetch Panta, mãe de uma jovem de 18 anos desaparecida.

      Incógnitas e riscos futuros

      Especialistas do USGS alertam para as dificuldades de se prever o impacto total de terremotos, especialmente quando ocorrem em regiões de difícil acesso e instabilidade política. A cientista Susan Hough destacou à Reuters que o fato de o tremor ter ocorrido durante o dia pode ter salvado vidas: “As pessoas estavam acordadas, mais alertas e em melhores condições para reagir.”

      Apesar disso, o cenário em Mianmar continua desolador e incerto. Com milhares de desaparecidos, infraestrutura comprometida e uma guerra civil em curso, o país enfrenta uma das piores crises humanitárias da década.

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