Trump escolhe âncora da Fox anti-woke como novo chefe do Pentágono
Pete Hegseth será secretário de Defesa em meio a promessas de mudança na liderança militar
Reuters – O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira a escolha de Pete Hegseth, comentarista da Fox News e veterano da Guarda Nacional do Exército, como seu indicado para o cargo de secretário de Defesa. A decisão é um indicativo claro da postura que Trump pretende adotar em seu segundo mandato, com um enfoque em combater as políticas internas que ele e seus aliados consideram “progressistas” demais.
Hegseth, de 44 anos, é conhecido por suas críticas contundentes ao que considera políticas "woke" no Pentágono e já expressou dúvidas sobre a liderança de militares de alta patente, incluindo o general da Força Aérea C.Q. Brown, atual presidente do Estado-Maior Conjunto. Se confirmado pelo Senado, Hegseth poderá ser a chave para Trump realizar sua promessa de campanha de reestruturar o comando militar e eliminar líderes que, segundo ele, defendem pautas progressistas que dividem opiniões entre os conservadores.
Choque com a liderança militar
A indicação de Hegseth pode provocar tensões significativas com o general Brown, que acumulou experiência em comando no Pacífico e no Oriente Médio. Hegseth já questionou abertamente as razões por trás da nomeação de Brown, afirmando em seu livro The War on Warriors que “não se sabe se ele obteve o cargo por mérito ou por sua cor de pele”, em uma declaração que gerou polêmica e críticas pela insinuação racial.
O próprio Trump, em entrevista à Fox News em junho, afirmou que pretendia demitir generais que considera “woke”. Essas declarações alimentaram temores no Pentágono sobre uma possível onda de demissões de oficiais e civis de carreira percebidos como desleais.
Posição crítica sobre alianças internacionais
Hegseth também é cético em relação à OTAN e tem criticado abertamente os aliados europeus dos Estados Unidos por não investirem adequadamente em suas defesas. Em seu livro, ele descreveu os países da aliança como "desatualizados, desarmados, invadidos e impotentes" e questionou a razão de os Estados Unidos continuarem a honrar "acordos de defesa ultrapassados e unilaterais".
Essa visão pode aumentar a ansiedade em torno das relações com a OTAN, especialmente num momento em que a Europa ainda lida com as consequências da invasão russa à Ucrânia. Hegseth expressou preocupações sobre o envolvimento americano na guerra, afirmando em uma aparição recente que, embora seja desejável que a Ucrânia se defenda sozinha, ele não apoia uma intervenção profunda dos EUA que poderia intensificar as tensões com a Rússia.
Repercussão e críticas
A escolha de Hegseth como secretário de Defesa já enfrenta resistência de líderes democratas. O representante Adam Smith, membro sênior do Comitê de Serviços Armados da Câmara, declarou em sua conta no X: “O cargo de secretário de Defesa não deveria ser uma posição de entrada”.
A oposição também se manifesta nos círculos de segurança nacional e entre ex-líderes militares, muitos dos quais criticaram Trump e sua abordagem para com o setor. O ex-presidente sugeriu que alguns de seus ex-generais e secretários de Defesa poderiam ter cometido traição—a ponto de considerar a execução para o ex-presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley.
Hegseth e a nova estratégia de defesa
Durante aparições em podcasts e na televisão, Hegseth tem alertado sobre a ascensão da China, descrevendo-a como uma ameaça com “uma visão de longo prazo não apenas regional, mas de dominação global”. Ele criticou o que vê como falta de preparo dos EUA diante dessa ameaça e chamou a abordagem militar atual de “ingênua”.
A escolha de Hegseth reflete a intenção de Trump de manter uma defesa agressiva e de confrontar inimigos externos com uma nova abordagem. Essa mudança de liderança no Departamento de Defesa pode ser apenas o início de uma reconfiguração mais ampla da política de segurança nacional dos EUA.
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