Cid afirma em delação que repassou a Bolsonaro dados de monitoramento de Alexandre de Moraes
Bolsonaro ordenou monitoramento de Moraes após suspeita de encontro com Mourão: "as vezes, ele [Bolsonaro] aloprava", diz ex-ajudante de ordens
247 - Em depoimento à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que repassou ao chefe informações sobre o monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no final de 2022. As declarações foram feitas no âmbito de um acordo de delação premiada e tiveram seu sigilo quebrado pelo próprio Moraes nesta quarta-feira (19). Os vídeos do depoimento de Cid foram revelados nesta quinta-feira (20) após Moraes retirar o sigilo do processo
De acordo com Cid, o monitoramento foi solicitado diretamente por Bolsonaro, que desconfiava de supostos encontros entre Moraes e o então vice-presidente Hamilton Mourão, hoje senador. “O último monitoramento, a gente faz aquela brincadeira, né, professora tal, foi... essa aí foi o presidente que pediu. Essa aí foi o próprio presidente que pediu”, declarou o militar durante a audiência.
As investigações da PF apontam que o acompanhamento de Moraes fazia parte de um plano maior para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022. Na terça-feira (10), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma suposta trama golpista. A denúncia, apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, será analisada pela Primeira Turma do STF.
Desconfiança em relação a Mourão
Em seu depoimento, Cid detalhou que o monitoramento de Moraes foi motivado por uma informação recebida por Bolsonaro sobre um possível encontro entre o ministro do STF e o então vice-presidente. “Um dos motivos foi o fato de que o então presidente havia recebido uma informação de que o general Mourão estaria se encontrando com o ministro Alexandre de Moraes em São Paulo. Que foi uma maneira de verificar se essa informação era verdadeira ou não”, explicou o tenente-coronel.
Questionado pelo ministro Moraes, que acompanhava a audiência, sobre por que não verificaram a agenda de Mourão, Cid respondeu que isso também foi feito. Ele acrescentou que Bolsonaro recebia “muita informação não confirmada” e que, diante disso, “já estava nervoso, irritado e mandava verificar”. “Às vezes, ele (Bolsonaro) aloprava”, afirmou Cid.
O militar também disse que desconhecia outros motivos para o monitoramento de Moraes, que foi acompanhado ao longo de todo o mês de dezembro de 2022. As informações sobre as movimentações do ministro do STF foram repassadas a Cid pelo ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara. Em mensagens trocadas entre os dois, Moraes era referido pelo codinome “professora”.
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