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    PSD, de Kassab, desponta como líder em prefeituras; PSDB desaba e PT tem leve recuperação

    Com alianças amplas, o partido supera MDB e conquista a liderança; PSDB perde espaço em São Paulo, enquanto PT mostra sinais de recuperação

    Glberto Kassab, presidente do PSD (Foto: Divulgação/PSD)

    247 – Sob a liderança de Gilberto Kassab, o Partido Social Democrático (PSD) se tornou a principal força nas eleições municipais de 2024, desbancando o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e conquistando o maior número de prefeituras do país. De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSD assegurou ao menos 888 prefeituras dos 5.569 municípios brasileiros na noite de domingo (6/10). Essa conquista marca a primeira vez, desde a redemocratização em 1988, que o MDB, tradicional partido de Ulysses Guimarães, não lidera em número de prefeituras.

    Apesar do avanço do PSD, o MDB também registrou crescimento, elegendo 861 prefeitos, acima dos 793 de 2020. A ascensão do PSD reflete uma estratégia contínua de fortalecimento desde sua fundação em 2011, como aponta reportagem da BBC. Gilberto Kassab, que tem sido o principal articulador dessa expansão, destacou a flexibilidade do partido em dialogar com diferentes correntes ideológicas, semelhante ao pragmatismo histórico do MDB, o que tem sido fundamental para seu crescimento.

    O destaque do PSD inclui a reeleição de prefeitos importantes como Eduardo Paes, no Rio de Janeiro (RJ); Topázio Neto, em Florianópolis (SC); e Eduardo Braide, em São Luís (MA).

    Kassab e as alianças políticas

    Kassab, atualmente secretário de Governo e Relações Institucionais do governo de São Paulo, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), comentou: "Depois de 30 anos [de governos do PSDB], São Paulo tem um novo comando. E o Tarcísio está indo bem. Então, o que há são prefeitos que querem estar sob sua liderança". O político enfatizou que a escolha dos prefeitos pelo PSD se deve ao perfil conciliador e central do partido.

    A estratégia de Kassab de se aliar a diferentes governos, independentemente de sua orientação política, se mostrou eficaz para o PSD. Atualmente, o partido compõe o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o controle de três ministérios: Minas e Energia, Agricultura e Pesca. O cientista político Rafael Cortez aponta que essa postura de centralidade permite ao PSD ampliar seu alcance e solidificar sua base eleitoral: “O PSD já nasce como um projeto de, em alguma medida, virar um novo MDB, e, assim, ser uma figura central para governabilidade”.

    Transformação no cenário paulista e queda do PSDB

    O PSD cresceu de forma expressiva em São Paulo, o maior estado do país, com 207 prefeituras conquistadas já no primeiro turno das eleições. Com Kassab à frente das articulações políticas e da distribuição de emendas, o partido capitalizou o vácuo deixado pelo PSDB, que perdeu força após quase três décadas de domínio. O PSDB, que antes era a principal força no estado, viu seu número de prefeituras cair drasticamente, enquanto o PSD se estabeleceu como principal aliado do governador Tarcísio de Freitas.

    Para Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o sucesso do PSD nas eleições municipais é resultado de um trabalho estratégico de Kassab para atrair prefeitos ao longo dos anos: "O ponto de partida é fundamental, ainda mais numa eleição que teve alto índice de reeleição". Embora Kassab defina o partido como de centro, Lavareda ressalta que, por suas raízes no antigo PFL (atual Democratas), o PSD possui uma inclinação mais à direita.

    PT mostra leve recuperação, e os próximos passos do PSD

    Enquanto o PSDB registrou perdas significativas, o Partido dos Trabalhadores (PT) mostrou sinais de recuperação, aumentando seu número de prefeituras de 182 em 2020 para 251 em 2024, o que demonstra uma retomada gradual de força no cenário local.

    Com o crescimento do PSD, o partido se encontra em posição privilegiada para influenciar o governo federal e as futuras eleições. Cortez avalia que o bom desempenho nas urnas credencia o PSD a buscar mais espaço no governo Lula, possivelmente em uma reforma ministerial. Além disso, Kassab já vislumbra o futuro, indicando Ratinho Jr., governador do Paraná, como potencial candidato presidencial do PSD para 2026.

    O partido, entretanto, enfrenta desafios de posicionamento. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, criticou Kassab por suas alianças tanto à esquerda quanto à direita: "Kassab está nos dois lados. Está na esquerda e na direita. Mas isso tem um preço e vai custar caro para ele".

    Em resposta, Kassab afirmou: "É compreensível que os radicais, da esquerda e da direita, não entendam o papel do centro. Por isso, radicais". Ele reforça que a neutralidade e o pragmatismo político do PSD têm sido fundamentais para o sucesso e crescimento contínuo da legenda.

    Com essa expansão, o PSD se consolidou como uma das principais forças políticas do Brasil, e, ao que tudo indica, seguirá influenciando as dinâmicas eleitorais e governamentais do país nos próximos anos.

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