Próximo ao governo Lula, Otoni de Paula pode assumir a liderança da bancada evangélica
Divisão interna marca a escolha antecipada do novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica, tradicionalmente feita por consenso
247 – A disputa pela liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no Congresso Nacional expôs uma divisão inédita entre seus integrantes, rompendo a tradição de consenso que marcou escolhas anteriores. Segundo informações divulgadas pelo Globo, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) desponta como favorito para liderar o bloco no biênio 2025-2026, mas enfrenta resistências dentro da bancada, principalmente por sua proximidade com o governo do presidente Lula.
Com a decisão prevista para a próxima quarta-feira, o cenário se polariza entre Otoni e Gilberto Nascimento (PSD-SP), delegado da Polícia Civil e apoiado por Silas Malafaia, influente pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Otoni, que já desempenhou papel de articulação entre os evangélicos e o governo durante a sanção do Dia Nacional da Música Gospel, busca consolidar sua candidatura com o apoio de líderes de peso como Silas Câmara (Republicanos-AM) e Eli Borges (PL-TO).
A resistência a Otoni de Paula está diretamente relacionada ao seu alinhamento com o Palácio do Planalto, o que gerou críticas internas após ele adotar tom conciliador com o governo Lula. O episódio mais recente ocorreu durante a sanção do Dia Nacional da Música Gospel, quando Otoni elogiou o presidente. Esse posicionamento irritou lideranças religiosas próximas ao bolsonarismo, grupo que vê no deputado um afastamento da postura ideológica tradicional da bancada.
Por outro lado, Gilberto Nascimento tenta viabilizar sua candidatura como representante da ala mais conservadora. Apesar de contar com a benção de Malafaia e do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Nascimento ainda não conseguiu agregar apoios suficientes para rivalizar com Otoni. A avaliação de líderes da bancada é que, sem consenso, a votação será inevitável, um fato inédito na história da FPE. "Se tivermos que ir ao voto, vamos ao voto. Isso não quer dizer que estamos rachados, é legítimo", afirmou Otoni.
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