Entenda por que a Bahia comemora a Independência no 2 de julho
A data não só comemora o fim de um conflito com Portugal, mas também o início de um novo capítulo para a Bahia e para o Brasil
247 - No cenário de uma das maiores datas comemorativas da Bahia, 2 de julho se destaca como o marco da expulsão das tropas portuguesas e da independência do estado em 1823. Apesar de sua relevância regional, a data ainda é pouco conhecida em outras partes do Brasil. No entanto, para os baianos, representa a vitória sobre um ano e cinco meses de uma guerra sangrenta que mobilizou entre 10 a 15 mil soldados de cada lado e resultou em mais de duas mil mortes em combate.
A celebração deste dia remonta à chegada dos exércitos brasileiros à capital baiana, libertando Salvador da dominação portuguesa, conta reportagem da BBC. Na manhã de 2 de julho de 1823, os primeiros soldados começaram a desembarcar. Longe de serem a imagem de um exército vitorioso, os soldados estavam descalços, maltrapilhos, fracos e exaustos. Esse contraste é visivelmente discrepante em relação à obra "Entrada do Exército Libertador", do artista Presciliano Silva, pintada em 1930 e hoje exposta no Memorial da Câmara Municipal de Salvador. O quadro retrata o comandante brasileiro, coronel Joaquim de Lima e Silva, montado em um imponente cavalo alazão, à frente de um exército aparentemente feliz e saudável.
O historiador Luiz Henrique Dias Tavares, em uma entrevista à revista Pesquisa Fapesp em 2006, pontuou que a obra de Silva "não representa a verdade" dos fatos históricos. Segundo o autor Laurentino Gomes, em seu livro "1822", os soldados foram recebidos com alegria e festividade pelos moradores, que já sabiam da retirada das tropas portuguesas naquela madrugada. Até hoje, essa vitória é celebrada anualmente com entusiasmo.
Ao contrário das comemorações do 7 de setembro, que são marcadas por um forte caráter militar em todo o Brasil, os festejos de 2 de julho na Bahia são caracterizados por uma participação popular vibrante. Desfiles percorrem as ruas de Salvador, com moradores celebrando nas suas casas e a cidade inteira em festa durante todo o dia.
A data não só comemora o fim de um conflito, mas também o início de um novo capítulo para a Bahia e para o Brasil. A guerra pela independência baiana começou bem antes do famoso Grito do Ipiranga. Paulo Rezzutti, historiador e autor do livro "Independência, a história não contada: a construção do Brasil de 1500 a 1825", explica que a resistência baiana teve início em 1822, dois meses e meio antes da proclamação de independência de D. Pedro I. A cidade de Cachoeira foi pioneira ao aclamar D. Pedro como príncipe regente, rompendo com as Cortes de Lisboa.
Os portugueses não aceitaram essa insurreição e, com apoio de um navio, atacaram civis que estavam saindo de uma missa em celebração à aclamação de D. Pedro. A população, contudo, reagiu, e a embarcação portuguesa acabou se rendendo. Esse espírito de resistência e unidade está no coração das comemorações de 2 de julho, um símbolo de libertação e de identidade para os baianos.
A cada ano, a Bahia revive a memória de sua luta pela liberdade com vigor renovado, transformando 2 de julho em uma verdadeira celebração de sua história e cultura únicas.
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