Suposto atentado ofusca pesquisas sobre Pablo Marçal e PCC e vira narrativa dominante nas redes
Pesquisas sobre “Pablo Marçal” e “PCC” estavam em alta até que o factoide desviou a atenção dos eleitores
247 - Na última sexta-feira (30), a campanha do candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, foi marcada por um episódio que mudou o foco das discussões eleitorais: a denúncia de um suposto atentado contra o ex-coach durante um evento na Zona Leste da cidade. O incidente, que inicialmente gerou grande repercussão, acabou desviando a atenção pública de outra questão delicada envolvendo o candidato — as ligações de seus aliados com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com dados do Google Trends analisados pela coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, o interesse dos eleitores por buscas que relacionavam Marçal ao PCC teve um aumento significativo na última semana, especialmente após a campanha de Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e candidato à reeleição, divulgar inserções em emissoras de rádio sugerindo aos ouvintes que pesquisassem os termos “Pablo Marçal” e “PCC”. A estratégia de Nunes parecia surtir efeito até o início da tarde de sexta-feira, quando, às 15h18, a equipe de Marçal acionou a Polícia Militar relatando que um homem armado teria ameaçado o candidato e fugido em um carro.
Após a divulgação do suposto atentado, o padrão de buscas mudou rapidamente. O interesse por “Marçal” e “PCC” caiu, enquanto as pesquisas por “Marçal” e “atentado” dispararam. A narrativa de uma tentativa de homicídio ganhou tração entre perfis apoiadores de Marçal nas redes sociais, e portais como Brasil Paralelo noticiaram o episódio como um ataque ao ex-coach, alimentando ainda mais a narrativa.
No entanto, a única evidência visual do ocorrido é um vídeo feito por um membro da equipe de Marçal, que mostra a candidata a vereadora Carolina Iara (Psol) sendo perseguida por um segurança de Marçal e entrando em um carro para deiar o local. Não há, nas imagens, indícios de arma de fogo ou de qualquer atentado, o que levou Iara a se pronunciar nas redes sociais negando as alegações e classificando o episódio como uma farsa. A candidata afirmou que estava no local para entregar um boneco de Pinóquio a Marçal, uma crítica simbólica às atitudes do candidato.
Marçal enfrenta acusações sobre a proximidade de seu partido com a facção criminosa. O presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, foi gravado se vangloriando de supostas ligações com o PCC, enquanto outros dois membros da cúpula do partido foram indiciados por envolvimento direto com o tráfico de drogas.
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