Tarcísio reduz verba de combate a incêndios em meio a recorde de queimadas

247 - O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrenta críticas após anunciar uma redução na verba destinada ao combate a incêndios florestais para 2025, mesmo após São Paulo registrar recordes de focos de queimadas, segundo o Metrópoles. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) prevê R$ 2,9 milhões para o programa “São Paulo Sem Fogo”, da Defesa Civil, destinado a ações de prevenção e combate a incêndios florestais. O montante é 10% menor do que o previsto na PLOA de 2024, que foi de R$ 3,3 milhões.

A redução ocorre em um momento crítico: apenas em agosto, São Paulo registrou 3.612 focos de incêndio, o maior número desde 1998 para o mês, seguido de 2.522 focos em setembro. As queimadas forçaram o governo estadual a decretar situação de emergência em 45 municípios e comprometeram a qualidade do ar na capital, que alcançou índices críticos de poluição.

Impacto no orçamento e medidas de contenção - Embora o governo tenha reduzido o orçamento do programa de combate a incêndios, ele prevê um aumento significativo no orçamento da Defesa Civil como um todo. A Secretaria da Fazenda de São Paulo declarou que a verba de 2025 "assegura a continuidade do programa São Paulo Sempre Alerta" e que há possibilidade de suplementação de recursos, caso necessário. "Desde o início da gestão, a Defesa Civil já investiu mais de R$ 210 milhões em ações de prevenção, mitigação e enfrentamento de eventos climáticos extremos, incluindo a compra de veículos, radares e o treinamento de equipes", afirma o comunicado oficial.

O orçamento global previsto para 2025 é de R$ 372,4 bilhões, com maiores recursos destinados às áreas de Saúde e Educação. A prioridade, segundo o governo, será fortalecer a infraestrutura para minimizar os impactos dos eventos climáticos em São Paulo.

Críticas e desafios no combate às queimadas - A decisão de reduzir a verba do programa "São Paulo Sem Fogo" gerou questionamentos de especialistas e ambientalistas, que alertam para a necessidade de investimentos contínuos e reforçados, especialmente em um cenário de estiagem prolongada e aumento de temperaturas. Em setembro, o estado enfrentou episódios intensos de fumaça e calor, tornando a cidade de São Paulo uma das que apresentaram pior qualidade do ar no mundo.

As queimadas em áreas do interior paulista também prejudicaram a circulação em estradas e afetaram atividades agrícolas e residenciais. Em Ribeirão Preto, por exemplo, focos de incêndio avançaram próximo a áreas habitadas, exigindo ações emergenciais das autoridades locais.

O plano de Tarcísio, segundo especialistas, esbarra na necessidade de desenvolver estratégias duradouras e consistentes de combate ao fogo, especialmente em um contexto em que eventos extremos de clima tendem a se intensificar. A diminuição da verba do "São Paulo Sem Fogo" pode limitar a atuação da Defesa Civil, caso não sejam adotadas medidas compensatórias para mitigar os impactos das queimadas.

Perspectivas para 2025 e o desafio da Defesa Civil - O próximo ano será desafiador para a Defesa Civil paulista, que precisa equilibrar as demandas por segurança climática com a gestão de um orçamento reduzido para prevenção e combate a incêndios. Especialistas recomendam a implementação de um plano de contingência mais robusto e a ampliação de campanhas de conscientização e capacitação de brigadas de incêndio em áreas de risco.

As queimadas e o impacto na qualidade do ar mostram que o desafio de Tarcísio de Freitas vai além da gestão de verbas: trata-se de uma questão de planejamento para enfrentar crises ambientais e climáticas, cujo impacto na saúde pública e no meio ambiente tende a se agravar se não houver investimentos apropriados e ações preventivas.