Vice-prefeito de São Paulo ataca padre Júlio Lancellotti e o responsabiliza por nova Cracolândia
Religioso, que coordena a Pastoral do Povo da Rua, rebateu as acusações e afirmou temer por sua segurança: "ele está me colocando em risco"
247 - O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), atacou o padre Júlio Lancellotti nas redes sociais e o culpou pela formação de uma nova Cracolândia no bairro do Belenzinho, na zona leste da capital. O pároco, que coordena a Pastoral do Povo da Rua, rebateu as acusações e afirmou temer por sua segurança.“Ele está me colocando em risco”, disse o religioso à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Mello Araújo publicou um vídeo defendendo as ações da gestão municipal no combate ao tráfico de drogas. Na gravação, feita na rua dos Gusmões, no centro da cidade, onde há intensa circulação de usuários de drogas, ele mostra imóveis que serão demolidos.
Nos comentários da publicação, uma internauta questionou: “venha para a nova Cracolândia que fica no Belenzinho”. Em resposta, o vice-prefeito atacou diretamente o religioso: “culpa do Lancelot [sic], está fazendo um desserviço”, escreveu.
Em entrevista à coluna, o padre Júlio Lancellotti criticou a postura do vice-prefeito e demonstrou preocupação com possíveis desdobramentos da acusação. “Ele está me colocando em risco. Ao dizer que a responsabilidade é minha, ele autoriza grupos radicais a atacarem a minha casa. Coloca em risco a Pastoral [do Povo da Rua]”, alertou o pároco.
O religioso também destacou o peso institucional do ataque. “Ele é um coronel, ex-comandante da Rota, e uma autoridade constituída. Tudo o que ele fala tem peso”, ressaltou. Segundo a reportagem, a prefeitura de São Paulo não se pronunciou sobre o caso.
Padre Júlio Lancellotti tem sido alvo frequente de ataques de políticos bolsonaristas e de extrema direita por causa de seu trabalho social com a população em situação de rua. Além da acusação de Mello Araújo, ele já foi responsabilizado pela suposta falta de segurança na Mooca, também na zona leste, devido à presença de pessoas vulneráveis atendidas pela Pastoral.
Em 2023, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) tentou criar uma CPI na Câmara Municipal para investigar ONGs que atuam na Cracolândia e que prestam assistência a dependentes químicos. O parlamentar mirava diretamente a atuação do padre.
Na ocasião, a Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para apurar possível abuso de autoridade por parte do vereador contra o religioso.
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