"Grave retrocesso", diz Gleisi sobre retomar financiamento privado a campanhas eleitorais
Cúpula do Congresso e ministros do STF debatem a volta das doações empresariais, proibidas em 2015
247 - Em meio às discussões sobre o futuro do financiamento eleitoral no Brasil, a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), criticou duramente a possibilidade de reverter a proibição de doações empresariais para campanhas eleitorais. Em postagem nas redes sociais, ela afirmou: "trazer de volta as doações de empresas para campanhas eleitorais seria grave retrocesso. Caixa 2 e compra de votos são crimes que devem ser enfrentados e punidos com rigor. Simples assim. O financiamento público é um avanço democrático contra a influência do poder econômico na política".
O debate ganhou força nos bastidores do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), conforme noticiado pela Folha de S. Paulo. Autoridades dessas duas esferas indicaram interesse em discutir uma possível retomada do financiamento privado, proibido em 2015 pelo STF. A justificativa é que o atual modelo, concentrado no financiamento público, não tem sido bem aceito pela sociedade e trouxe novas distorções, como apontam líderes partidários.
Esses parlamentares e ministros argumentam que o financiamento público, além de não ter conseguido impedir o uso de caixa dois, gerou desequilíbrios adicionais. De acordo com a Polícia Federal, cerca de R$ 21,7 milhões em dinheiro vivo foram apreendidos em operações de combate a crimes eleitorais neste ano, o que reforça a visão de que o modelo atual carece de eficácia.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, é um dos nomes que defende a volta das doações empresariais. Em entrevista recente também à Folha de S. Paulo, ele afirmou que pretende propor uma alteração no modelo de financiamento, que incluiria a permissão para doações privadas e a redução do fundo eleitoral público, atualmente fixado em R$ 4,96 bilhões para 2024.
Nos bastidores do STF, a discussão avança. Segundo apuração, há ministros dispostos a reavaliar a decisão tomada há quase uma década. Alguns comparam o modelo brasileiro ao sistema eleitoral dos Estados Unidos, onde doações empresariais para comitês políticos são permitidas. Um ministro, que falou sob condição de anonimato, indicou que há abertura para se debater essa modalidade de financiamento, desde que sejam estabelecidas regras que minimizem a influência direta do poder econômico.
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