Polícia Civil do RS prende hacker que fez ameaças ao STF e não descarta ligação com homem-bomba de Brasília
'Vamos verificar se o homem que se explodiu no STF fazia parte dos grupos extremistas dos quais também participava o nosso suspeito', disse a delegada
247 -A Polícia Civil do Rio Grande do Sul localizou e prendeu, na manhã desta quinta-feira (14), em Jundiaí (SP), um homem de 36 anos acusado de ameaçar colocar explosivos no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo os agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o suspeito faz parte de uma rede de extrema direita ativa na Deep Web, ambiente virtual que abriga conteúdos fora do alcance de buscadores convencionais. A operação policial ocorreu em paralelo ao atentado recente com explosivos caseiros contra o STF, realizado por Francisco Wanderley Luiz ,um catarinense de Rio do Sul, na noite desta quarta-feira (13).
“Iremos verificar se o catarinense que se explodiu no STF fazia parte dos grupos extremistas dos quais também participava o nosso suspeito principal, esse paulista, e se eles tinham alguma relação”, disse a delegada Vanessa Pitrez Corrêa, diretora do Deic, segundo o Zero Hora. De acordo com a reportagem, durante a investigação, os policiais interceptaram mensagens enviadas pelo hacker que continham ameaças ao Congresso Nacional e ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), além de ameaças de morte ao ministro do STF Alexandre de Moraes e parlamentares. O hacker usava um provedor de e-mail suíço, dificultando o rastreamento por falta de acordo de cooperação internacional.
A operação que levou à prisão do hacker foi denominada "Operação Deus Vult" – expressão em latim que significa “Deus o quer!”, um antigo grito de guerra das Cruzadas, repetido pelos guerreiros cristãos no século XI e utilizado pelo hacker em suas mensagens. Coordenada pelos delegados João Vitor Heredia e Filipe Borges Bringhenti, a operação desvendou uma série de ameaças de cunho extremista e religioso, envolvendo homofobia, racismo e terrorismo.
“Iremos explodir o STF com todos dentro. Este é o aviso de um grupo de brasileiros, patriotas, que não irão aceitar o golpe. Temos aproximadamente 20 kg de explosivo PETN e estamos prontos e instruídos a usar. Espero que vocês estejam preparados para recolher pedaços de corpos, principalmente negros, nordestinos e homossexuais”, escrevu o suspeito em uma das mensagens. As ameaças também tinham como alvo a deputada estadual Bruna Liege da Silva Rodrigues (PCdoB-RS), à qual o hacker enviou e-mails com conteúdo racista, ameaças de violência sexual contra sua filha e discursos de ódio, devido à origem negra da parlamentar. Em uma das mensagens, o suspeito escreveu:
Além de Bruna Rodrigues, a lista de ameaçados inclui os deputados federais Guilherme Boulos (Psol-SP), Talíria Petrone (Psol-RJ), Daiane Santos (PCdoB-RS), Sílvia Cristina Chagas (PP-RO), a vereadora de Belém (PA) Beatriz Caminha dos Santos (PT), a vereadora de Belo Horizonte Cida Falabella (PSOL) e o senador Magno Malta (PL-ES).
A polícia apreendeu diversos equipamentos eletrônicos na residência do suspeito. Com a quebra de IP e o apoio da Polícia Federal da Suíça, as autoridades conseguiram rastrear o hacker, que utilizava endereços de e-mail falsos e o nome de vizinhos para encobrir sua identidade. As provas colhidas serão compartilhadas com a Polícia Federal, que também investiga ameaças ao STF, ao Senado Federal e ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).
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