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    O SUS para quê? Para quem? Profissionais relatam desafios para fortalecer a saúde pública brasileira

    Um registro da importância do SUS, com relatos de profissionais que atuam na linha de frente e indicam os gargalos da saúde pública

    (Foto: ABr)

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    Por Laís Gouveia, 247 - Falar de saúde em um país ainda tão desigual como o Brasil é falar também sobre a importância do acesso universal da população aos serviços de saúde, ou pelo menos dos esforços para tal êxito.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel fundamental no país, sendo a maior rede de saúde pública do mundo. Criado em 1988, o sistema defende o acesso universal e gratuito a serviços de saúde para toda a população brasileira, independentemente de renda, condição social ou local de residência.

    E o programa é essencial em um país com tantas mazelas: atualmente, a taxa de cobertura dos planos de saúde é de 25,07% da população brasileira, ou seja, a maioria da população depende do SUS para acessar os diversos serviços ofertados.

    Apesar de ser uma demanda fundamental, como os números indicam, profissionais relatam desafios para fortalecer a saúde pública brasileira. Beatriz Volpi, assistente social que atende populações vulneráveis e mulheres em situação de violência, relata algumas fragilidades atuais do SUS, principalmente no que diz respeito ao acesso da população periférica:

    “Já trabalhei em regiões periféricas e centrais de São Paulo. Hoje estou na região de Pinheiros, uma área de alto padrão. E temos duas realidades: a região periférica, que sofre muito pela falta de profissionais, pois a demanda é muito grande, enquanto nas regiões centrais há mais médicos e mais disponibilidade de serviços”, compara a profissional.

    A assistente social também destaca que outro problema da rede é a atenção aos profissionais que atuam na linha de frente, que sofrem com jornadas intensas de trabalho e remunerações inadequadas. “Temos Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que atendem demandas gigantescas com equipes reduzidas. E estamos falando de um lugar como São Paulo, que tem uma alta população adoecida por diversos fatores. Ou seja, enquanto esses profissionais não forem valorizados, o SUS não será fortalecido no seu dia a dia”, destaca.

    Já Marcos Muniz, psicólogo e funcionário do SUS, aponta que algumas referências que fomentaram a criação do SUS deveriam ser resgatadas para criar uma dinâmica mais concreta com a sociedade. “Não existe outro caminho que não seja o trabalho como o SUS foi pensado dentro da sua origem. Precisamos retomar as origens de trabalho comunitário em rede, com os diferentes pontos de atenção da saúde pública do SUS em cada território, e é algo que percebemos que não vem acontecendo em São Paulo”.

    “Observamos isso na cidade de São Paulo, onde a atenção básica funciona muito na lógica ambulatorial, apenas de consultas e patologização, mas alheia às questões do sofrimento humano”, acrescenta Muniz.

    Apesar das dificuldades apresentadas pelos profissionais, o SUS é considerado uma referência mundial em saúde pública e atende a uma população de mais de 200 milhões de habitantes, oferecendo não apenas cuidados assistenciais (médico-hospitalares), mas também serviços de prevenção e promoção da saúde, desde a gestação até o fim da vida. 

    Por conta da tamanha importância, algo é essencial para a sua sobrevivência: o seu financiamento. Pensando nisso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou o Programa “BNDES Fornecedores SUS”, com orçamento de R$ 500 milhões, para fomentar o fornecimento ao SUS de equipamentos e materiais de saúde produzidos no país. O compromisso será assumido pela empresa fornecedora, correspondendo ao total do valor contratado com o BNDES. O programa estará vigente até 30 de junho de 2028.

    Vale ressaltar que a responsabilidade do financiamento do sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, ou seja, das três esferas de governo: federal, estadual e municipal, por meio da vinculação de orçamento da seguridade social.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta desafios significativos, no entanto, seu papel como pilar fundamental na garantia de acesso universal à saúde no Brasil é inegável. Mesmo diante de tantas dificuldades, o SUS continua sendo um serviço essencial para milhões de brasileiros, assegurando cuidados de saúde gratuitos e abrangentes. Para que sua missão seja plenamente cumprida, é crucial que sejam feitos investimentos contínuos e melhorias na gestão, como no exemplo do BNDES, visando superar as barreiras atuais e assegurar sua sustentabilidade no longo prazo. 

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