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    "Brasil é Sul Global e um de seus desafios é não ser colônia de ninguém", diz Celso Amorim

    Assessor especial da Presidência afirma que Lula tem papel central no cenário internacional e critica subordinação da Europa aos EUA

    Assessor especial da Presidência, Celso Amorim 15/08/2024 (Foto: REUTERS/Andressa Anholete)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é hoje uma liderança incontornável no cenário global e defendeu o posicionamento do Brasil como integrante do chamado Sul Global. Em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo e repercutida pela Sputnik Brasil neste domingo (23), Amorim reforçou a autonomia da política externa brasileira e destacou: “Um dos grandes desafios do Brasil, atualmente, é não ser colônia de ninguém”.

    Amorim confirmou que Lula realizará visitas oficiais à China e à Rússia em maio, onde se encontrará com os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin. O ex-chanceler fez questão de esclarecer que esse movimento diplomático não representa um confronto com os Estados Unidos, mas sim a expressão de uma postura soberana: “Não é que a gente quer brigar com os EUA, mas mostra que o Brasil não está subordinado e mostra que o Brasil é Sul Global”.

    Na entrevista, o diplomata abordou ainda o impacto da possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Para Amorim, a mudança na Casa Branca representaria uma guinada pragmática nas relações internacionais: “O atual governo Trump não esconde o autointeresse. A mediação para tentar chegar à uma solução de paz no conflito na Ucrânia não acontece porque o presidente norte-americano ‘é bonzinho’. Trump vai defender os interesses dos EUA de maneira deslavada”.

    Segundo ele, essa mudança de postura revela uma nova dinâmica no sistema internacional, exigindo reorganização e adaptação por parte de outros atores. “O Sul Global vem se fortalecendo, já a Europa está desorientada”, afirmou. Amorim criticou a dependência europeia em relação aos EUA, especialmente na esfera militar: “Eles se acostumaram a viver sob o guarda-chuva americano moral, militar e econômico. Quando de repente chega um presidente americano e diz ‘eu vou cuidar do meu interesse, vocês que se virem’, eles ficam totalmente perplexos, impactados”.

    O ex-chanceler ironizou também a narrativa de que a Rússia teria um “DNA expansionista”. “Quando eu vejo dizerem que a Rússia tem um DNA expansionista, eu penso: foi Napoleão que invadiu a Rússia, ou foi o contrário?”, provocou.

    Ao comentar sobre o cenário político interno, Amorim disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro “ficou pequeno diante das questões do mundo de hoje” e que “um governo de extrema-direita no Brasil era importante. Hoje é um pouco diferente”. No entanto, ele alertou para riscos persistentes: “Existe um perigo sobre temas como direitos humanos e liberdade de expressão com governos de direita no poder”.

    Sobre a crescente atuação das big techs, Amorim defendeu a regulação do setor com base na soberania nacional: “Se quiserem atuar aqui, têm que ser de acordo com as nossas regras, que não são arbitrárias. São para todos, são para proteger os cidadãos”.

    A entrevista reflete o alinhamento da política externa brasileira com uma visão multipolar do mundo, em que o país busca ocupar um papel de mediador autônomo e articulador entre diferentes blocos de poder, sem subordinação a potências tradicionais.

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