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    Embaixador expulso dos EUA retorna à África do Sul com “orgulho” e sem arrependimentos

    Ebrahim Rasool é recebido por centenas em clima de festa após ser declarado persona non grata por criticar Donald Trump

    Ebrahim Rasool (Foto: Xinhua)
    Redação Brasil 247 avatar
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    Por Redação 247 | Com informações da Xinhua – O ex-embaixador da África do Sul nos Estados Unidos, Ebrahim Rasool, retornou neste domingo (23) a seu país afirmando ter “nenhum arrependimento” após ter sido expulso por Washington. Declarado persona non grata pelo governo norte-americano, Rasool desembarcou no Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo ao lado de sua esposa, Rosieda, após uma longa viagem de 32 horas via Qatar. A recepção foi calorosa: cerca de 300 apoiadores o aguardavam com aplausos e palavras de apoio.

    A notícia foi divulgada originalmente pela agência chinesa Xinhua, que registrou a chegada do diplomata e sua fala pública no terminal aeroportuário. “Quando você retorna para uma multidão como esta, com esse calor humano e o espírito do Ubuntu, então eu usarei essa condição de persona non grata como um distintivo de dignidade... como um sinal de que fizemos a coisa certa”, afirmou Rasool, referindo-se ao conceito africano de coletividade e solidariedade: “Eu sou porque nós somos”.

    O episódio que culminou na sua expulsão ocorreu após declarações críticas ao ex-presidente dos EUA Donald Trump, feitas em um webinar promovido pelo Instituto Mapungubwe de Reflexão Estratégica, um think tank sul-africano. Rasool havia acusado Trump de fomentar o racismo e o divisionismo global. A reação do governo dos EUA foi imediata: o atual secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou em suas redes sociais que Rasool era “um político incendiário que odeia a América e seu presidente”. O embaixador teve 72 horas para deixar o país.

    Diante dos apoiadores, Rasool discursou com firmeza e serenidade. “A diplomacia do Ubuntu não é a arte de mentir por seu país. É a arte de falar a verdade com gentileza”, disse. Para ele, sua missão foi cumprida ao provocar uma reação nas mais altas esferas do poder norte-americano. “Eles ficaram atônitos com nossa caracterização e ficaram incomodados. Isso mostra que nossa mensagem chegou até o topo, e por isso a diplomacia do Ubuntu funcionou.”

    Rasool também disse esperar que o presidente Cyril Ramaphosa consiga designar um novo representante que consiga recompor os laços com Washington “sem trair os valores da África do Sul”. “Devemos lutar por isso, mas preservar nossa dignidade”, declarou.

    Apesar da tensão diplomática, Ramaphosa declarou na semana passada que a África do Sul segue comprometida com o diálogo com os Estados Unidos, tratando o incidente como um “pequeno contratempo” nas relações bilaterais. Rasool deverá agora apresentar um relatório detalhado ao presidente sul-africano sobre o ocorrido.

    A cena no aeroporto, com cartazes, abraços e cantos de boas-vindas, traduziu o sentimento de apoio de parte significativa da sociedade sul-africana ao diplomata. Sua firmeza em defender os princípios do país diante de potências estrangeiras foi recebida como símbolo de coragem e integridade.

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