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    Trump e Putin ensaiam nova ordem mundial em meio ao colapso do Ocidente, diz Pepe Escobar

    Em análise incisiva, Pepe Escobar revela os bastidores do telefonema entre os dois líderes e traça um panorama sombrio da decadência europeia

    (Foto: Brasil247)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – Em mais uma de suas reflexões geopolíticas de fôlego, o jornalista e analista internacional Pepe Escobar mergulha nos desdobramentos de um episódio que, segundo ele, “pode mudar o curso do século XXI”: o telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin. A análise foi publicada no canal de Escobar no YouTube, com o título Putin-Trump e o declínio do Ocidente.

    Transitando entre o lirismo inspirado por Bob Dylan e a crueza dos conflitos armados contemporâneos, Escobar tece um panorama global que conecta o colapso moral e político da Europa, o esgotamento do império norte-americano e a ascensão do Sul Global como ator central no reordenamento do planeta.

    Os europeus estão no menu, nós estamos no jantar”, resume Escobar, retomando a expressão que dá o tom à sua crítica: a completa irrelevância geopolítica das lideranças europeias diante da disputa entre potências reais — EUA, Rússia e, em breve, China.

    O telefonema que o mundo aguardava

    Segundo Escobar, o telefonema entre Trump e Putin, com mais de duas horas de duração, marca um ponto de inflexão. Embora as transcrições oficiais do Kremlin e da Casa Branca tenham apresentado versões diferentes — e silenciem pontos centrais —, Escobar aponta um tema essencial que emergiu: o pedido russo por um cessar-fogo nos ataques ucranianos à infraestrutura energética, especialmente à usina nuclear de Zaporíjia.

    Esse código diplomático, diz Escobar, é mais do que um pedido técnico: é um alerta estratégico de Moscou a Washington. A conversa, no entanto, revela um movimento ainda maior: a retomada de um possível entendimento entre as duas superpotências nucleares, um novo arranjo que exclui deliberadamente a Europa.

    A nova Ialta será entre EUA, Rússia e China. A Europa? Fora.

    Europa em ruínas

    Pepe Escobar dedica boa parte de sua análise a demonstrar o que considera o colapso ético e político da União Europeia, que segundo ele se tornou cúmplice ativa de genocídios no Oriente Médio e apoiadora de jihadistas “fantasiados de diplomatas”. Ele cita como exemplo o tratamento cordial dado em Bruxelas ao novo ministro das Relações Exteriores da Síria, antigo aliado de grupos salafistas no norte do país.

    Estamos diante de uma elite europeia que legitima massacres e posa de civilizada. O que há é a celebração da barbárie.

    A decadência europeia, explica o analista, não é nova. Ele a remonta à leitura de Oswald Spengler, autor de O declínio do Ocidente (1918), e a figuras literárias como T. S. Eliot, cujos “homens ocos” seriam hoje os tecnocratas europeus.

    O império contra-ataca... e se afunda

    No cenário global, Escobar observa uma contradição central no comportamento do novo governo Trump: enquanto tenta encerrar a guerra na Ucrânia com um acordo com a Rússia, abre nova frente de guerra contra os houthis do Iêmen, os indomáveis combatentes do movimento Ansarallah.

    Trump posa de pacificador na Ucrânia e de incendiário no Oriente Médio. Ele compra guerras e vende paz como produto de marketing.

    A ofensiva contra os houthis, diz Escobar, é um erro crasso do império, que subestima inimigos resilientes. Os ataques americanos, realizados com apoio britânico, mataram civis, inclusive mulheres e crianças — fato ignorado pela grande mídia ocidental, que Escobar chama de “fragmentada e em dissolução”.

    Um mundo multipolar em gestação

    A conclusão de Escobar é contundente: o Ocidente coletivo acabou. No lugar da dominação unipolar estadunidense, começa a se formar um sistema internacional “multinodal”, onde o Sul Global — América Latina, África, Ásia e parte do mundo árabe — deixa de ser espectador e passa a ser protagonista.

    Rússia e China, nesse novo cenário, serão os principais pilares de uma nova arquitetura internacional, baseada na indivisibilidade da segurança e no respeito mútuo às esferas de influência.

    Mas Escobar faz um alerta: “As elites russófobas da Europa farão de tudo para sabotar essa reaproximação entre Washington e Moscou. Elas precisam da guerra.

    Enquanto isso, o Sul Global, agora fora do menu, prepara sua cadeira à mesa. Confira:

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