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      Argentina desmantela controle cambial em meio a novo acordo com o FMI​

      Medida visa estabilizar a economia, mas especialistas alertam para riscos de volatilidade e desvalorização do peso​

      Presidente argentino, Javier Milei - 14/12/2024 (Foto: REUTERS/Ciro De Luca)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Em uma mudança significativa de política econômica, o governo argentino anunciou o fim das restrições cambiais vigentes desde 2019 e a adoção de um novo regime de câmbio flutuante dentro de bandas. A decisão acompanha a aprovação de um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme reportado pela Reuters.​

      A partir de segunda-feira, 14 de abril, o peso argentino passará a flutuar entre 1.000 e 1.400 por dólar, com uma expansão mensal de 1% dessa faixa. O Banco Central da República Argentina (BCRA) intervirá nos extremos da banda para evitar volatilidades excessivas. Além disso, serão eliminadas as restrições ao mercado único e livre de câmbio para pessoas físicas, e flexibilizados os pagamentos de importações e a remessa de lucros para o exterior a partir de 2025.​

      O ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que o acordo com o FMI permitirá "levantar os controles cambiais que limitam tão severamente o funcionamento normal da economia". Ele destacou que os recursos iniciais de US$ 12 bilhões serão utilizados para recapitalizar o BCRA e fortalecer as reservas internacionais.​

      ​A Argentina substituiu a âncora cambial — que mantinha o peso atrelado ao dólar — por uma âncora monetária, focada no controle da base monetária. Isso significa que o Banco Central limitará a quantidade de dinheiro em circulação, evitando a emissão para financiar o déficit fiscal.

      Além disso, o governo reduziu o prazo mínimo de "parking" — tempo entre a compra e venda de títulos — para um dia útil. Essa medida visa aumentar a liquidez no mercado de capitais e facilitar operações de câmbio via títulos, como o dólar MEP e o contado com liquidação (CCL). A flexibilização busca atrair investimentos e estimular a remonetização da economia, mas pode gerar volatilidade no curto prazo.​

      Especialistas alertam para os riscos associados à política adotada pelo governo Milei. A eliminação do "cepo" pode desencadear uma demanda reprimida por dólares, levando a uma possível depreciação do peso e aumento da inflação. Em março, a inflação mensal subiu para 3,7%, interrompendo a tendência de queda observada nos meses anteriores.​

      O governo conta com o apoio adicional de US$ 12 bilhões do Banco Mundial e US$ 10 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento para reforçar as reservas e sustentar a nova política cambial. No entanto, analistas enfatizam que a eficácia das medidas dependerá da capacidade do governo em manter a disciplina fiscal e controlar a inflação.​

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