Milei provoca uma das maiores recessões do mundo e economia argentina cai 8,4% em março
A produção industrial argentina caiu 21,2% em março em relação ao ano anterior, enquanto a atividade de construção se reduziu 42%
247 – A atividade econômica argentina se contraiu 8,4% em março na comparação anual, resultado das políticas de austeridade do governo de Javier Milei para combater a inflação, segundo dados oficiais divulgados ontem. Na base mensal, a atividade caiu 1,4%, depois de ficar estável em fevereiro. Desde o início do ano, a atividade econômica acumula uma queda de 5,3% em comparação com janeiro-março do ano passado e uma contração de 2,1% em relação ao quarto trimestre, de acordo com reportagem do jornal Valor.
O analista Nicolás Alonzo, da consultoria Orlando J. Ferrerés & Asociados, afirmou que o resultado de março foi pior do que o esperado, principalmente porque o índice de atividade de fevereiro foi zero, sugerindo uma recuperação que não se concretizou. Alonzo projeta para abril uma recuperação tímida de 0,6% na atividade. Gabriel Caamaño, da consultoria Ledesma, destaca que a contração de 5,3% do primeiro trimestre de 2024 impõe um peso negativo para o próximo trimestre, que a equipe econômica terá dificuldade em reverter.
As medidas econômicas adotadas pelo governo de extrema direita de Javier Milei, como a retirada de subsídios à energia e transportes, congelamento de obras públicas e desvalorização da moeda em relação ao dólar, têm freado significativamente a economia. Essas ações resultaram em excedentes fiscais mensais de janeiro a abril, mas à custa de uma queda acentuada na atividade econômica. O Ministro da Economia, Luis Caputo, espera outro resultado fiscal positivo em maio, enquanto a inflação mensal caiu para 8,8% em abril, após um índice recorde de 25,5% em dezembro.
A produção industrial argentina caiu 21,2% em março em relação ao ano anterior, enquanto a atividade de construção se reduziu 42% no mesmo mês, atingindo o pior nível desde a pandemia de covid-19. Analistas projetam uma contração de 3% a 3,4% do PIB para 2024. Roberto Geretto, economista do Banco CMF, prevê uma queda de 3% para o ano, com recuperação apenas no segundo semestre. Juan Pablo Ronderos, da consultoria MAP, espera uma leve melhora na atividade econômica no segundo trimestre devido ao setor agrícola. Dante Moreno, da EPyCA Consultores, enfatiza que os setores de construção e indústria, que mais empregam e são os mais impactados pelas políticas de Milei, enfrentam uma grave perda de capacidade de compra e dependem de ações macroeconômicas para voltar a crescer. Comparados a março de 2023, o setor de construção caiu 29,9% e a indústria de transformação, 19,6%.
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