Currículo de um terrorista
Bolsonaro é incorrigível, indomesticável e incurável — uma bomba de retardo permanente à democracia
O plano golpista e terrorista, que previa assassinatos e a tomada do poder pelos militares e instalar uma ditadura, é o corolário de um currículo de malfeitor, de um fascista, de um ideólogo da morte.
Em 2019 descrevi a história desse energúmeno desde a caserna, vide o link (https://jornalggn.com.br/opiniao/bolsonaro-militar-ou-miliciano-por-francisco-celso-calmon/) No atual artigo reproduzo partes e acrescento outras, que não será o final, pois o the end será a sua prisão e condenação dentro do devido processo legal. E como ele não tem coragem para cometer suicídio, deverá passar longos anos no cárcere, afastado de todo convívio com a sociedade, a quem tantos males fez, sorrindo como sacarmos, tripudiando, mentindo, insuflando o ódio.
A trajetória de Jair Bolsonaro reflete as contradições que permeiam a relação entre o militarismo e a democracia no Brasil, bem como o seu enlace constante com o terrorismo, simbolizando essas tensões.
“Ao invés de fazer croqui de bombas, escreva quantas vezes você foi ao Paraguai trazer muamba. Conte sobre os seus problemas no Mato Grosso. Verifique qual é o seu conceito na Brigada Paraquedista”, diz a missiva, referindo-se, em parte, ao episódio narrado pelo próprio Bolsonaro à Veja, em que ele relatou preparar atentados à bomba para promover sua campanha por aumentos salariais (informações em reportagem no site *Pragmatismo Político*).
Em outra carta revelada pela imprensa em maio de 1991, o então chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Jonas de Morais Correia Neto, chamou Bolsonaro de “embusteiro, intrigante e covarde”, acusando-o de “inventar e deturpar visando aos interesses pessoais e políticos”.
Em outubro do mesmo ano, já como deputado federal pelo PDC-RJ (Partido Democrata Cristão), as frequentes visitas de Bolsonaro ao antigo emprego para fazer propaganda política e angariar votos contrariaram de tal maneira seus ex-comandantes que estes proibiram a sua entrada nos quarteis do Rio de Janeiro. De acordo com o Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército Brasileiro, Bolsonaro estava insuflando revolta na tropa.
Bolsonaro defendeu o atentado ao Riocentro, ocorrido na noite de 30 de abril de 1981, quando ali se realizava um espetáculo comemorativo do 1º de maio da classe trabalhadora. Teria sido um genocídio caso a bomba não tivesse estourado no colo dos militares terroristas.”
Formado em uma caserna marcada por privilégios e brechas disciplinares, Bolsonaro é o retrato de um sistema que muitas vezes transforma insubordinação em oportunidade política.
Quem transformou Alexandre de Moraes em alvo? Quem vem incitando o ódio na sociedade? Quem vem pedindo o impeachment do ministro? Quem vem provocando animosidade entre os poderes republicanos?
Desde o início de sua carreira, Bolsonaro utiliza falas absurdas e com teor terrorista para construir uma imagem “patriota” e conservadora. Vejamos algumas dessas falas:
- Em 1999, em uma entrevista ao vivo, enquanto defendia o fechamento do Congresso Nacional, disse: “No período da ditadura deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique.”
- Em 2008, no Clube Militar do Rio de Janeiro, durante protestos ao som do coro “Tortura nunca mais, pela vida e pela paz”, Bolsonaro começou a discutir com os manifestantes e declarou, com tom debochado e expressão de superioridade: “Posso falar? O grande erro foi torturar, e não matar.” Em seguida, proferiu palavrões contra os presentes.
- Em 2016, durante o impeachment da Dilma Rousseff, fez um discurso relembrando 1964, o ano do golpe militar, acusou o PT e o comunismo de ameaçarem a inocência das crianças e exaltou o coronel Alberto Brilhante Ustra, enquanto provocava a ex-presidenta, uma das vítimas do torturador Ustra: “(...) perderam em 64, perderam agora em 2016. (...); contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra a Folha de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo Exército de Caxias, pelas nossas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo, e por Deus acima de todos (...)”
- Em 1º de setembro de 2018, durante um comício, Bolsonaro simulou atirar com uma metralhadora, sob aplausos e gritos dos seus seguidores, e declarou com um sorriso macabro: “Vamos metralhar a petralhada aqui do Acre! Botar esses picaretas pra correr do Acre! Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem que ir pra lá.”
- Ainda em 2018, ao exaltar a ditadura chilena, fez uma declaração desrespeitosa àex-presidenta chilena Michelle Bachelet, filha do militar Alberto Bachelet, que veio a óbito após o estresse e trauma de ser torturado na ditadura de Pinochet: “Senhora Michelle Bachelet, se não fosse pelo pessoal do Pinochet, que derrotou a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba.”
Bolsonaro, não apenas subverteu os valores de hierarquia e da superestimada “disciplina militar”, como levou para a política o ethos da indisciplina institucional. Ampliou sua influência para além dos quarteis, utilizou a Polícia Militar/milícias como instrumento de poder durante o seu governo, e explorou o temor popular em relação ao Exército e à polícia a seu favor. Ele incita seus seguidores a aterrorizar a sociedade.
Um dos maiores atos antidemocráticos de seu governo, só revelado publicamente um ano após o fim de seu mandato, foi a criação de um documento preparatório para um golpe de estado. O documento, escrito e assinado dentro do Planalto pelo general Mário Fernandes, só não teve suas instruções postas em prática devido à divisão de opiniões nas Forças Armadas e à falta de apoio internacional, além do temor em relação à opinião pública.
Um grupo de quatro militares do Exército e um agente da PF foram presos nesta semana, dia 19/11/2024, por serem suspeitos de planejar um golpe de Estado em 2022, com o objetivo de prender e assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As investigações indicam que o monitoramento das autoridades começou em novembro de 2022, após uma reunião na casa do ex-ministro gal. Walter Braga Netto, e foi cogitado diversas formas de execução do ministro Alexandre de Moraes, do Presidente Lula e do vice-presidente Alckmin.
Após o golpe, os golpistas planejavam criar um "gabinete de crise" com figuras como o general Augusto Heleno e o próprio Braga Netto no comando deste gabinete.
Bolsonaro estava presente na reunião de 06 de dezembro onde foi impresso a ementa do golpe, o mesmo documento inclusive que ele editou e enxugou. De acordo com as investigações, o ex-presidente deu o aval para qualquer ação das Forças Armadas até o dia 31 de dezembro de 2022.
Doravante todas as instituições serão cúmplices do que vier acontecer com a nossa democracia, sejam novas intentonas, sejam novos golpes, caso não tomem de pronto medidas preventivas e processuais em relação aos autores do plano terrorista e golpista à institucionalidade democrática.
Há décadas pregamos a necessidade da justiça de transição. O novo caminho começa agora, reversamente, pelos indiciamentos dos mentores e operadores do golpismo, do presente e do passado.
Neste contexto, a anistia é um atentado ao pudor nacional, um acinte ao Estado de direito, um deboche a todas as vítimas das fúrias fardadas, do pretérito e da atualidade.
Mesmo que o plano tenha algumas características toscas e bravateiras, não constituem surpresas, afinal, o golpe de 64 foi uma precipitação do gal. Olímpio Mourão Filho.
Os militares acreditam no blefe da contrainformação, na força, e nem tanto na inteligência e astúcia, e contam com a proteção da mídia golpista.
A conjuntura é propícia para as FFAA pedirem perdão à nação. Peçam perdão aos mortos e desaparecidos, peçam perdão a todos que vocês feriram no corpo e na alma, cujas sequelas são transgeracionais.
Será um ato de contrição capaz de redimi-los. Ou continuarem vagando pela história e assombrando a democracia e o povo brasileiro.
Não se pacifica ou reciviliza a política com anistia, mas com a punição dos arautos e operadores da estratégia contrarrevolucionária ao Estado Democrático de Direito.
Bolsonaro é incorrigível, indomesticável e incurável — uma bomba de retardo permanente à democracia.
Cada dia solto, ele e a sua horda, manterão a democracia sob um fio de alta tensão.
Estamos vivendo um momento de estupor, por um lado, contudo, por outro, é uma oportunidade histórica para romper com a impunidade secular e criarmos mecanismos de sustentabilidade democrática.
Lançamos em 7 de dezembro de 2022 o Manifesto pela justiça de transição, (https://www.holofotenoticias.com.br/politica/entidades-de-direitos-humanos-querem-que-go verno-lula-instale-comissao-permanente-por-memoria-e-reparacao) no qual sugerimos um caminho, uma proposta, que vale reproduzir o essencial; "Para o futuro será necessário a constituição de uma Comissão Estatal Permanente de Memória, Reparação e Reforma, que abranja todos os períodos traumáticos do Brasil – escravidão, ditaduras e o genocídio bolsonarista, a fim de ser realizada a justiça de transição necessária à construção de uma democracia sólida".
Atentemos todos para a mídia corporativa (com seus jornalistas amestrados) e as elites oligarcas do Brasil, pois continuarão a existir e a conspirar, em caso da Justiça mais uma vez falhar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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