O retorno de Trump e os desafios da resistência ao imperialismo estadunidense
O imperialismo estadunidense é brutal mas não é invencível. É hora de resistência e acumulação de forças, escreve o editor internacional do Brasil 247
Por José Reinaldo Carvalho - Não é possível prever com exatidão o desenrolar dos acontecimentos quanto ao que virá no ano que se inicia. Com o retorno de Donald Trump ao poder a partir do próximo dia 20, há muitas situações em aberto, devido a fatores objetivos e também porque se trata de um líder que faz o gênero da anormalidade e do histrionismo como traço de personalidade, expressando as piores características da burguesia estadunidense: egolatria, individualismo, agressividade e supremacismo.
Os Estados Unidos parecem entrar em uma nova e ainda mais brutal fase de sua longa história de imperialismo. Essa tendência, longe de ser exclusividade de um partido ou governo, é uma marca estrutural da política externa norte-americana, mas sob a lógica do "America First" de Trump, ela assume contornos ainda mais agressivos e perigosos. Isto se acentua na medida em que fica patente o declínio dessa superpotência, a perda do seu poder absoluto e a impossibilidade de deter a marcha da história.
Sob o pretexto de proteger seus interesses nacionais, o imperialismo estadunidense é responsável por desestabilizar nações, impor bloqueios econômicos cruéis e patrocinar guerras que ceifam milhares de vidas ao redor do mundo. Desde a América Latina até a Ásia, passando pela África e Oriente Médio, o objetivo é claro: garantir a hegemonia dos EUA a qualquer custo, mesmo que isso signifique destruir economias, subjugar povos e suprimir soberanias nacionais.
O retorno de Trump pode intensificar esses elementos, com uma retórica exclusivista e ações unilaterais. O desprezo do republicano pelos acordos e instituições internacionais e sua visão unilateralista ameaçam destruir os poucos mecanismos de cooperação global que ainda restam.
Na América Latina, por exemplo, a tendência previsível é o aumento nos ataques contra governos progressistas e movimentos populares que resistem à lógica imperialista. Não é de se surpreender que bloqueios econômicos sejam intensificados, que golpes sejam fomentados e que animado pelo propósito de defender a primazia dos interesses norte-americanos seja empreendida uma abrangente ofensiva contra os povos.
Mas há forças e tendências que agem em sentido contrário, despertando expectativas de que os planos imperialistas podem ser derrotado
O ano de 2024 marca um momento decisivo no avanço da multipolaridade global, evidenciado pela ascensão da China, o novo papel da Rússia, a consolidação de blocos contra-hegemônicos e a emergência do Sul Global, Dois eventos de destaque atestam isso: a cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia, e o encontro do G20 no Rio de Janeiro. Esses eventos sinalizam mudanças importantes na conjuntura mundial, com o fortalecimento de polos que desafiam a hegemonia dos países imperialistas e a emergência do Sul Global como um ator de relevância crescente.
No campo anti-imperialista, a China e a Rússia consolidaram sua posição como pilares e líderes do mundo multipolar. A China, com seu impetuoso desenvolvimento a expansão de iniciativas como a Nova Rota da Seda, de Desenvolvimento Global, de Segurança Global e Civilização Global, oferece um modelo alternativo ao neoliberalismo. A Rússia, por sua vez, reafirma seu papel geopolítico com ações estratégicas que vão desde o fornecimento de energia a parcerias militares e diplomáticas. Complementando esse quadro, estão os países do Sul Global.
O BRICS de Kazan simboliza a ascensão desses países. A entrada de novos membros amplia o alcance geopolítico e econômico do bloco, mostrando sua capacidade de reunir países diversos em torno de um objetivo comum: desafiar a unipolaridade. O BRICS agora representa uma parcela significativa da população mundial e da economia global, consolidando-se como um fórum essencial para os países do Sul Global. O G20 no Rio de Janeiro também refletiu a força crescente do Sul Global. Liderado pelo Brasil, o encontro demonstrou que as nações em desenvolvimento têm voz ativa na definição dos rumos do planeta.
Este cenário demonstra que os povos do mundo podem unir-se em uma frente ampla contra o imperialismo estadunidense, com capacidade para denunciar suas ações, apoiar os movimentos de resistência e construir alternativas que promovam a soberania, a justiça social e a paz. O imperialismo não é invencível. Ao longo da história, foi derrotado em várias ocasiões pela coragem e determinação dos povos. Hoje, mais do que nunca, é possível resistir, acumular forças e abrir caminho para conquistar a emancipação nacional e social dos povos.
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