"Medo da prisão" pode levar Bolsonaro a lançar Tarcísio para 2026
Temor de ser preso por tentar um golpe de Estado também está levando Bolsonaro a cometer uma série de erros, dizem aliados
247 - Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que o cerco judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) tem provocado temor no ex-mandatário, que nesta quarta-feira (26) se tornou réu por, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), integrar uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Esse receio, segundo interlocutores ouvidos pelo Estadão/Broadcast, já influencia decisões políticas e pode levar Bolsonaro a apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato à Presidência da República no ano que vem, em uma articulação que também visaria aprovar uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
As declarações, de acordo com a reportagem, foram colhidas em reuniões com membros do PL e aliados de Bolsonaro desde o ato promovido por ele no Rio de Janeiro, em 16 de março. Embora ainda repita publicamente que pretende disputar as eleições de 2026, Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político durante a campanha de 2022. Paralelamente, enfrenta um processo no STF por suspeita de articulação golpista.
Nos bastidores, políticos próximos ao ex-presidente têm insistido para que ele indique, ainda este ano, um nome que possa substituí-lo na disputa. Até agora, ele resiste. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda. nesta segunda-feira (24), Bolsonaro deixou claro, ao lado de Tarcísio, que não pretende abrir mão da candidatura. “Eu não vou passar bastão para ninguém”, afirmou. “Eu só passo o bastão depois de morto”, completou.
A possibilidade de que Tarcísio seja lançado à Presidência esbarra na legislação eleitoral. Para disputar o Planalto, o governador teria de renunciar ao cargo até abril, o que comprometeria sua gestão em São Paulo. Ainda assim, integrantes do PL avaliam que o temor de prisão pode levar Bolsonaro a mudar de posição. O avanço do processo no STF e a possível estagnação do projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos golpistas são fatores que podem influenciar uma eventual desistência.
Dentro da cúpula do partido, Tarcísio é apontado como o nome mais forte para enfrentar Lula ou um candidato apoiado pelo atual presidente em 2026 — especialmente se Bolsonaro estiver preso e impedido de concorrer. Em caso de vitória, avaliam aliados, caberia a Tarcísio conceder um indulto ao ex-mandatário.
Nos bastidores, no entanto, crescem as críticas a decisões consideradas equivocadas de Bolsonaro. A manifestação em Copacabana, por exemplo, é tratada reservadamente como um erro estratégico. Embora aliados tenham exaltado o ato, pesquisadores da USP estimaram público de apenas 18 mil pessoas. O foco exclusivo na anistia aos golpistas do 8 de janeiro foi mal avaliado por membros do PL que não se consideram “bolsonaristas”. Segundo eles, esse tema não mobiliza amplamente a sociedade e reforça a percepção de que o principal objetivo de Bolsonaro é evitar sua prisão.
Outra atitude que gerou desconforto no partido foi a saída repentina de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos. O deputado anunciou que tiraria licença do mandato e não retornaria ao Brasil, alegando perseguição por parte do STF.
A decisão pegou aliados de surpresa, especialmente porque Eduardo era cogitado como uma possível alternativa a seu pai na eleição presidencial. Para membros do PL, sua ausência apenas amplia a incerteza sobre o futuro da direita bolsonarista no cenário eleitoral de 2026.
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