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    Apoio à democracia no Brasil recua, mas permanece majoritário, aponta Datafolha

    Para 43%, o Brasil correu um risco grande de retroceder para uma ditadura diante dos planos golpistas de Bolsonaro após a derrota nas urnas em 2022

    (Foto: Rubens Gallerani Filho/Audiovisual/PR)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - O apoio à democracia no Brasil, embora ainda predominante, sofreu uma queda significativa nos últimos dois anos, segundo pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha de S. Paulo. Atualmente, 69% dos brasileiros consideram a democracia a melhor forma de governo, uma redução expressiva em relação aos 79% registrados em outubro de 2022, o maior índice da série histórica iniciada em 1989.

    Em contraste, a aceitação de um regime ditatorial subiu de 5% para 8% no mesmo período. A proporção de pessoas indiferentes ao tipo de governo também aumentou de 11% para 17%, marcando um novo pico desde junho de 2000, quando o índice chegou a 29%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

    A queda no apoio à democracia ocorre em um momento de estabilidade política relativa, mas ainda marcado pelos efeitos das crises institucionais dos últimos anos. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), indiciado por suspeita de tentar um golpe para permanecer no poder, o apoio ao regime democrático se consolidou como resposta às investidas contra o sistema eleitoral e outras instituições republicanas.

    Bolsonaro, conhecido por sua apologia ao regime militar de 1964 e ataques às urnas eletrônicas, foi declarado inelegível até 2030 pela Justiça Eleitoral. Esse cenário fomentou mobilizações em defesa da democracia e uma elevação temporária dos índices de apoio ao sistema democrático.

    Perfil dos entrevistados - Os recortes socioeconômicos da pesquisa mostram disparidades relevantes. Homens (74%) demonstram maior adesão à democracia do que mulheres (64%). O apoio também cresce entre pessoas com nível superior (87%) e as mais ricas (80% entre quem recebe mais de cinco salários mínimos), enquanto entre os menos escolarizados e mais pobres os índices são de 56% e 61%, respectivamente.

    Apesar da polarização política, não há diferenças estatisticamente significativas entre os que se declaram bolsonaristas ou petistas quanto à preferência pela democracia.

    Medo de retrocesso e possibilidade de golpe - Quando questionados sobre a possibilidade de um retorno ao regime ditatorial, 52% dos entrevistados descartaram essa hipótese, enquanto 21% consideram uma pequena chance e outros 21% veem uma grande possibilidade de isso ocorrer. Esses índices refletem uma preocupação ainda presente em parte da população.

    Além disso, 68% dos entrevistados acreditam que houve risco real de golpe durante a transição de governo entre a derrota de Bolsonaro para o presidente Lula (PT) no segundo turno de 2022 e a posse do petista para o terceiro mandato. Destes, 43% avaliaram o risco como grande, 17% como moderado e 8% como pequeno. Um quarto dos entrevistados não acreditou na possibilidade de um golpe, enquanto 7% não souberam responder.

    A pesquisa do Datafolha foi realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, com 2.002 eleitores de 113 municípios. Os dados refletem um cenário de vigilância democrática contínua e oscilações nas percepções sobre o sistema de governo no Brasil.

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