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    Ataque às urnas, 'virada de mesa', Abin paralela: Heleno pode ser o próximo militar preso pela PF pela trama golpista

    Indiciado pela PF, ex-chefe do GSI enfrenta acusações graves relacionadas à trama golpista que envolveu militares e ex-assessores de Bolsonaro

    Augusto Heleno (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

    247 - A prisão do ex-ministro Walter Braga Netto, ex-candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL), intensificou a pressão sobre outro general quatro estrelas do Exército: Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo lembra o jornal O Globo, a Polícia Federal (PF) indiciou Heleno no inquérito que investiga a participação de militares em uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo a disseminação de desinformação e planejamentos antidemocráticos.

    Fontes militares avaliam que, diante do nível de exposição e das evidências levantadas, é provável que a Procuradoria-Geral da República (PGR) denuncie o general. Internamente, oficiais do alto escalão reconhecem que uma eventual prisão de Heleno poderia prejudicar ainda mais a imagem do Exército, que já enfrenta uma crise institucional sem precedentes.

    Acusações centrais - De acordo com o relatório da PF, Heleno teria usado recursos do GSI para difundir falsas alegações de fraude eleitoral, criando um ambiente propício a uma intervenção militar. Documentos apreendidos na residência do general detalham "argumentos relacionados a inconsistências nas urnas eletrônicas", apontando para uma tentativa coordenada de desestabilização do processo eleitoral.

    A investigação revela ainda que Heleno participou de uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022, ao lado de Bolsonaro e outros ministros, onde teria sugerido uma "virada de mesa" antes das eleições. “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”, afirmou o general, conforme registros obtidos pela PF.

    Envolvimento em planos golpistas - As evidências indicam que Heleno também esteve envolvido no planejamento de infiltração de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em campanhas eleitorais, ideia tratada diretamente com Bolsonaro. Além disso, anotações manuscritas atribuídas ao general propunham a instrumentalização da Advocacia-Geral da União (AGU) para evitar o cumprimento de decisões judiciais contrárias ao governo.

    Outro ponto central das investigações é a suspeita de que Heleno comandaria um "Gabinete de Crise" após a execução de um plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O plano previa que Walter Braga Netto atuaria como "coordenador-geral".

    Reação militar e expectativa de denúncia - Desde a conclusão do inquérito da PF, o Exército tem adotado uma postura de cautela, evitando declarações públicas. A cúpula militar teme uma reação negativa entre oficiais da reserva e setores pró-Bolsonaro nas Forças Armadas. Com a possível colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, há receio de que mais detalhes comprometedores surjam.

    O silêncio estratégico do Exército também se deve à espera pela formalização das denúncias pela PGR. Caso isso ocorra, militares na ativa podem ser afastados de promoções e transferências, enquanto aqueles na reserva podem perder postos e patentes, conforme decisão do Superior Tribunal Militar (STM).

    Histórico controverso e futuro incerto - Figura de destaque no governo Bolsonaro, Heleno acumulou uma carreira marcada por posições polêmicas desde o período da ditadura militar. Após passagens pelo Comando Militar da Amazônia e pela Missão da ONU no Haiti, sua trajetória foi marcada por embates políticos e críticas a políticas indigenistas e ambientais.

    Com o futuro nas mãos da Justiça, a expectativa é que o Exército busque se desvincular dos militares ligados ao governo anterior para preservar sua reputação e autoridade institucional.

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