TV 247 logo
    HOME > Brasil

    "Bolsonaro tenta normalizar golpe e distorce os fatos", avaliam ministros do STF

    Magistrados ainda destacam que Bolsonaro desmentiu a própria defesa ao reconhecer que discutiu a minuta do golpe

    Ministros do STF e Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Augusto / STF I Lula Marques / Agência Brasil)
    Paulo Emilio avatar
    Conteúdo postado por:

    247 - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que Jair Bolsonaro (PL) voltou a utilizar sua já conhecida estratégia de distorcer informações e mudar o foco do debate público, ao comentar a decisão da Primeira Turma da Corte que o tornou réu por tentativa de golpe de Estado. As informações são da coluna do jornalista Valdo Cruz, do G1.

    Ao comentar o caso publicamente nesta quarta-feira (26), pouco após se tornar réu, Bolsonaro admitiu ter discutido com comandantes das Forças Armadas um possível decreto de Estado de Defesa ou de Sítio. No entanto, omitiu o conteúdo do documento, que previa a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, a anulação do resultado das eleições e a convocação de um novo pleito, além da criação de uma comissão militar para governar o país durante a suposta "transição".

    A fala do ex-mandatário entrou em contradição direta com a linha adotada por sua própria defesa. O advogado Celso Vilardi afirmou que a minuta do decreto golpista era apenas uma peça mencionada na delação do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Já Bolsonaro admitiu a existência de discussões sobre o decreto, mas tentou apresentar o episódio como algo institucionalmente legítimo e "dentro das quatro linhas da Constituição".

    Ministros do Supremo afirmam que a tática de Bolsonaro é "transformar um documento golpista em um decreto constitucional". "Basta ler a minuta encontrada no celular de Mauro Cid para sabermos que ele distorce os fatos para se defender do julgamento no qual virou réu", disse um ministro do STF ouvido pela reportagem.

    O documento a que se refere o magistrado determinava, entre outras medidas, a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a convocação de novas eleições presidenciais e a instalação de um governo militar provisório.

    Outro ponto que chamou a atenção dos ministros foi a insistência de Bolsonaro em afirmar que sua defesa do voto impresso era baseada em uma legislação vigente à época, posteriormente derrubada pelo STF. Ele omitiu, no entanto, o contexto de sua campanha contra o sistema eletrônico de votação, recheada de acusações sem provas sobre fraudes eleitorais. "Ele cola informações verdadeiras em mentiras para sustentar uma tática de disseminação de fake news", avaliou um dos ministros. "Ele queria forjar uma fraude para anular as eleições. O voto impresso integrava essa estratégia, mas não conseguiu. Agora diz que só defendia o voto impresso", completou.

    Durante sua declaração, Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre a lisura das eleições de 2018 e 2022, ignorando o fato de que o próprio Ministério da Defesa, durante seu governo, concluiu em relatório oficial que não foram encontradas irregularidades no último pleito presidencial.

    Ministros lembram ainda que Bolsonaro, ao ser pressionado, já admitiu não ter provas para sustentar sua narrativa contra as urnas eletrônicas — o que, segundo eles, reforça a tese de que houve má-fé deliberada em sua tentativa de deslegitimar o processo democrático.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados